Mas como em qualquer desenho, é preciso haver quem o saiba interpretar. E são os partidos menores, que mais beneficiam desta dispersão de votos, que mais interesse têm em demonstrar que ela não é danosa para o país. Nas eleições de domingo, só uma grande surpresa não nos dará cinco partidos com lugares no parlamento, todos eles fruto de votações. Dois partidos entre os 25 a 30%, três partidos em redor dos 10%. Poderíamos dizer “dois grandes partidos” e “três pequenos partidos”, mas talvez não seja desajustado pensá-los como partidos na casa média-maior, dois deles, e média-menor, os três restantes. Que país é este? A Alemanha. Embora sejam mais conhecidos os sistemas bipartidários, como o dos EUA; — ou tripartidários imperfeitos, como na Inglaterra; ou mesmo tetrapartidários, como foi Portugal desde o 25 de Abril até ao aparecimento do Bloco de Esquerda — não é tão incomum aquilo que teremos em Portugal a partir do próximo domingo. A prova é que partilhamos com a Alemanha, maior país da UE, um desenho político quase feito a papel vegetal.