Se a sua identidade for revelada, centenas de milhões de europeus terão a quem agradecer por ter exposto o roubo organizado dos nossos recursos, num momento em que nos dizem que teremos de perder as conquistas sociais e democráticas das últimas gerações “porque não há dinheiro. Recapitulemos. Enquanto a situação orçamental de vários países europeus, incluindo o nosso, ia ficando tão má que acabou por forçá-los a pedirem resgates, o homem que presidia a esses resgates governava um país, o Luxemburgo, que fazia acordos secretos com multinacionais para que estas pudessem pagar um imposto irrisório por transações que tinham lugar nos nossos países. Nas últimas semanas foram revelados milhares de documentos, em duas fugas diferentes, que comprovam a existência deste esquema inteiramente legal e profundamente imoral que, por si só, nos revela muito do que está errado na União Europeia de agora. Ah, mas a justiça não falha. Finalmente um juiz do Luxemburgo abriu um processo de investigação por roubo e violação de segredo comercial… contra o delator do caso. Ainda não tem nome conhecido este homem, se for de facto homem, que se pensa ser francês e ter trabalhado na PricewaterhouseCoopers, apenas uma das quatro grandes empresas de consultoria e auditoria do mundo especializadas neste tipo de serviços, e aquela de onde vinham os documentos que abriram esta nova fase do escândalo. Entretanto, o ex-primeiro ministro do Luxemburgo,