Claro que é do contágio! Porque o euro não é suficientemente robusto, e porque se recusaram a criar-lhe os anti-corpos adequados (como os eurobonds) contra as infeções oportunistas, e de oportunistas. No tutano, há só duas posições no debate sobre esta crise. O resto — os swaps e os eurobonds, o FEEF e a troika, o Merkozy e o Gaspar — é ilustração. A discussão era a mesma há quase dois anos, e é a mesma agora. Há quase dois anos, tínhamos de um lado os que diziam: esta é uma crise do euro (a chamada posição “sistémica”). Do outro lado, tínhamos os que respondiam: isto não é uma crise do euro, mas apenas um problema na Grécia (a “dívida soberana”). Aqueles que defendiam a segunda posição levaram um banho de realidade. Onde diziam que “isto” era só um problema da Grécia passaram a dizer: “o euro não está em crise; isto é só um problema de Grécia e da Irlanda”. Logo depois: “o euro não está em crise; isto é só um problema da Grécia, da Irlanda e de Portugal”. Depois: “o euro não está em crise; isto é só um problema da Grécia, da Irlanda, de Portugal e da Itália”. “Ah, e da Espanha, também”. Mas calma, gente!, que o euro, como nós sabemos, não está em crise: isto agora é só um problema da Grécia, da Irlanda, de Portugal, da Itália, da Espanha. E da Bélgica. Da França. Da Áustria. Até da Holanda. Da Finlândia também. E — oh diabo — da Alemanha.