Hoje que os estados são de novo realidades mais fluidas, o velho debate está a voltar. E a fazer as inevitáveis divisões: além de esquerda e direita, libertário e autoritário, há que saber: localista ou cosmopolita? Há quem acrescente à tradicional divisão da política em esquerda e direita uma segunda divisão: libertário ou autoritário. Teríamos assim uma esquerda libertária e uma esquerda autoritária, bem como uma direita libertária e uma direita autoritária — tese que se verifica em muita gente que a gente conhece. Os últimos anos levam-nos a acrescentar uma terceira distinção: localista ou cosmopolita. O localista pode vir em várias versões: nacionalista ou nativista, xenófobo ou patriótico, regionalista ou municipalista. Umas são mais simpáticas, outras mais desagradáveis. O cosmopolita também pode vir em várias versões: internacionalista ou europeísta, federalista ou globalista, multiculturalista ou altermundialista. Esta divisão, que muitas vezes depende de questões de gosto ou temperamento, ainda não está muito estabilizada. Assim sendo, ela percorre várias famílias políticas: para dar um exemplo não muito corrente, há ecologistas mais localistas (principalmente preocupados com a preservação de redes locais de abastecimento, por exemplo) e outros mais cosmopolitas, preocupados com a construção de movimentos contra o aquecimento global.