|Do arquivo Público 08.01.2018| O século americano começou há exatamente cem anos em 1918, neste dia 8 de janeiro, quando o presidente Woodrow Wilson discursou perante o Congresso dos EUA propondo um entendimento para a paz na Europa baseado em quatorze pontos. Os Quatorze Pontos de Wilson, como ficaram conhecidos, foram uma coisa notável. Em quatorze parágrafos tão curtos que muitos caberiam hoje num tweet, pela primeira vez as condições de uma paz na Europa foram impostas de fora do continente por um poder que antes se julgava de segunda ordem. Talvez mais importante, Wilson propunha uma revolução na forma de entender a diplomacia e as relações entre potências. Os Quatorze Pontos fundaram as bases do sistema internacional e do mundo em que ainda vivemos. No mundo de Wilson, os tratados deveriam ser negociados publicamente; a navegação nos mares deveria ser irrestrita; à maneira liberal, o direito de comerciar não deveria ser tolhido; em aliança com o nacionalismo ascendente, o direito à auto-determinação deveria ser reconhecido. A Alemanha, julgando que estava a aceitar os pressupostos de um armistício, aceitou parar com a guerra. Os aliados europeus de Wilson, em Paris e Londres, aproveitaram para proclamar a derrota alemã, e depois impô-la no Tratado de Versalhes.