As declarações do ministro das finanças sobre reunir “pela imprensa” suspeitas contra o contribuinte x ou y também não me descansam nada. Então vai continuar a ser possível fugir aos impostos desde que se seja discreto? E que garantia temos de que o sigilo não será quebrado arbitrariamente Como é viver num país sem sigilo bancário? Posso explicar. Estudei por uns anos num país onde era frequente os meus colegas bolseiros regressarem às suas terras de origem para fazer os seus “trabalhos de campo”. Durante os seis ou sete meses que passavam fora, as bolsas continuavam a ser depositadas nas suas contas bancárias. Quando regressavam, os meus colegas podiam encontrar já à sua espera uma carta das finanças que os alertava para a necessidade de pagar imposto por aquele montante, agora já considerável, que tinham acumulado. Só que — em geral — as bolsas de estudo não são tributáveis. Bastava então que o interessado se dirigisse às finanças para mostrar os recibos correspondentes. Uma vez justificado o montante não havia impostos a pagar e o assunto estava encerrado. Era chato? Sim, mas não mais do que as obrigações fiscais correntes. Atentatório da privacidade?