Um país só sabe o que quer fazer no mundo se souber primeiro aquilo que quer ser. Portugal tem diplomacia mas não tem política externa, dizia José Medeiros Ferreira. Infelizmente, isso nunca foi tão verdade como nos últimos anos. No plano europeu, a nossa estratégia tem sido mais seguidista do que alguma vez foi. Na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, os mandatos do atual governo e Presidente da República saldaram-se pela humilhante adesão da Guiné Equatorial. No plano internacional, nada. Não se vê um fio à meada. Tendo em conta isto, é difícil entender a iniciativa do Presidente da República ao escrever um prefácio aos seus discursos sobre “Diplomacia Presidencial”. Este deveria ser um dos últimos assuntos para o qual Cavaco Silva desejaria chamar a atenção no fim do seu mandato. “Chamar a atenção” é uma maneira de dizer: a leitura do dito prefácio, para lá de uma introdução teórico-constitucional, mostra uma progressão metódica de reunião em reunião tão imaginativa ou interessante como um livro de ponto.