Leituras do dia – 7.12.2016

1 – Autocracy: Rules for Survival (Masha Gessen) “Rule #6: Remember the future. Nothing lasts forever. Donald Trump certainly will not, and Trumpism, to the extent that it is centered on Trump’s persona, will not either. Failure to imagine the future may have lost the Democrats this election. They offered no vision of the future to counterbalance Trump’s all-too-familiar white-populist vision of an imaginary past. They had also long ignored the strange and outdated institutions of American democracy that call out for reform—like the electoral college, which has now cost the Democratic Party two elections in which Republicans won with the minority of the popular vote. That should not be normal. But resistance—stubborn, uncompromising, outraged—should be.” http://www.nybooks.com/…/trump-election-autocracy-rules-fo…/ 2 – Please, Theresa May, save my husband from death in Bahrain (Zainab Ebrahim) “Their aim was to punish Mohammed for his participation in the pro-democracy protests by getting him to confess to a crime he did not commit. Eventually, Mohammed and his co-defendants signed false “confessions” to make the torture stop. Mohammed was not allowed to see or speak to his lawyer until after his trial had started. He was convicted on the basis of his forced confession, even though he had recanted it. This “evidence” – which would immediately be thrown out of any court in Britain – is the reason that my beloved husband and the father of my children is facing imminent execution.” https://www.theguardian.com/…/theresa-may-save-mohammed-ram… 3 – After The Islamic State (Robin Wright) “Daesh has distorted the image of Islam,” Rahim said, using an Arabic term for the Islamic State. “Everything it’s done—its videos of beheadings, burning prisoners alive, drowning them, the destruction of churches and places of worship—all of this has nothing to do with Islam. But I don’t see any country or leading figure coming in and offering new breath for the Sunni world. “It makes me very sad,” he went on. “This is what makes me fear that Daesh may be defeated politically and militarily but the idea won’t die. If the region were stable, there would be no place for Daesh to reëmerge. But it isn’t stable. The same thing that happened in Syria or Libya could happen in Algeria or Morocco or someplace else in this chaos.” http://www.newyorker.com/…/20…/12/12/after-the-islamic-state

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Leituras do dia – 30.11.2016

1 – Italy’s Most Popular Political Party Is Leading Europe In Fake News And Kremlin Propaganda (Alberto Nardelli e Craig Silverman) “The party, co-founded by former comedian Beppe Grillo and internet entrepreneur Gianroberto Casaleggio, has ridden the same wave of anti-establishment, nationalist anger that carried the Brexit vote in the UK and Donald Trump’s US election victory.” https://www.buzzfeed.com/…/italys-most-popular-political-pa… 2 – Identity politics won the election — white identity politics (Lolgop) “That “outreach” could be off-putting to white voters indoctrinated by conservative posturing and even more offensive to minority groups for two reasons: it requires humanizing people who have dehumanized you and it suggests that the only way to get white people to care about racism is to show that it hurts them.” http://www.eclectablog.com/…/identity-politics-won-the-elec… 3 – What the alt-right actually wants from President Trump (Zack Beauchamp) “The alt-right’s priority, first and foremost, is preserving America’s status as a white-majority nation. To that end, they want Trump to follow through on the most extreme immigration ideas he’s discussed — such as deporting millions of undocumented immigrants and banning Muslim immigration. These steps, they think, will slow what they call the “dispossession” of America’s whites.” http://www.vox.com/…/137160…/alt-right-policy-platform-trump  

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Um ditador dos bons, ou dos nossos?

 Aqui está a minha crónica de ontem. Só posso, como de costume, publicar uma parte do texto, o que era uma escolha difícil desta vez por deixar o argumento truncado. O melhor mesmo será ler o texto completo no Público. “A história de como isto foi acontecer é tanto uma história pessoal de Fidel como uma história coletiva de Cuba e, sem escapatória, uma história da arrogância dos EUA. O apoio à ditadura de Fulgencio Batista e a utilização de Cuba como traseiras do quintal estado-unidense terão justificadamente transformado a visão de Fidel enquanto crescia. Quando ele, já líder revolucionário, tomou o poder, a incompreensão dos EUA foi ainda maior do que esperaria. O bloqueio foi e é um absurdo cruel; a firmeza de Cuba contra ele é mais do que justificada. Até hoje se discute, e durante muito tempo se discutirá, se Fidel foi mais comunista sozinho ou porque a paranóia anti-comunista dos EUA o empurrou a isso, da aventura de Kennedy na Baía dos Porcos à instalação de mísseis soviéticos na ilha — e como essa paranóia e contra-paranóia quase nos levaram à guerra nuclear. Discutir-se-á tudo isso, mas quase como curiosidade. Porque, no fundo, o que se discute hoje não é nada disso, mas antes: Fidel era um ditador bom, um ditador dos bons, ou um ditador dos nossos? Deixem-me contar um episódio. Recém-chegado ao Parlamento Europeu, fui a uma reunião entre o embaixador cubano e o meu grupo parlamentar. Só um deputado irlandês, trotskista e ex-padre católico (duas coisas — trotskista e católico — que nunca fui), teve a coragem de perguntar pela situação de um líder operário que estava preso por tentar formar um sindicato independente do estado. O embaixador respondeu: não vos posso dizer porque é que está preso, mas posso dizer que é por razões muitos graves, e peço-vos que confiem em mim. Essa lógica recusei-a então e recuso-a agora. O embaixador cubano, diga-se de passagem, era um aparelhista do estado igual ao de qualquer estado, de esquerda ou de direita. Esse aparelho de estado foi Fidel que o criou, como foi Fidel que decidiu as execuções, a repressão, a censura e a prisão política. Sim, em tempo de guerra fria, quando a brutalidade era a norma. Mas também em plenos anos 2000 quando já nem a guerra fria o justificava. Por isso recuso a lógica de reconhecer o lugar de Fidel na história sem ter hoje uma palavra de solidariedade para quem seja reprimido por tentar organizar trabalhadores ou lutar por ideias como Fidel defendia que se pudesse fazer noutros países que não Cuba. O mundo mudou de novo, e curiosamente é mais parecido com o mundo multipolar e confuso em que o pequeno Fidel escrevia a Roosevelt do que com o mundo bipolar em que eu cresci. Fidel até pode ser um ditador dos nossos — é da esquerda que é a minha família política — mas parem de dizer se a história o absolverá ou não. Isso não é tarefa da história. É tarefa vossa.” Leia o resto aqui.  

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Carta aberta a Paulo Rangel

Ontem no Público. “E acontece que a situação, entretanto, piorou. No dia em que Oettinger foi à Hungria fazer um evento com o autoritário primeiro-ministro Viktor Orbán quem o trouxe no seu jato privado foi o consul da Rússia em Budapeste, um magnata alemão bem conhecido por ser um homem-de-mão de Putin. Se isso tem alguma relação com os negócios de centrais nucleares de Orbán, feitos propositadamente para serem ganhos pelos russos, não se sabe (e Orbán será uma conversa para outro dia). Mas o que se sabe já é mais do que suficiente para se entender que Oettinger não tem condições para gerir o orçamento de uma União de 500 milhões de cidadãos precisamente no momento em que esta luta para ultrapassar uma crise de credibilidade e para se distinguir dos autoritarismos à sua volta. Oettinger não só não se distingue de Putin e dos seus imitadores como demonstra uma visão do mundo muito semelhante à deles e uma prontidão demasiado grande para lhes aceitar os favores. Por menos do que isto já caíram comissões e comissários no passado. E nós continuamos sem entender o silêncio do PSD enquanto se prepara para apoiar que este homem fique com o orçamento da UE e passe a vice-presidente da Comissão. Paulo Rangel, não acha que já chegou a hora de esclarecer isto?” Leia mais aqui: https://www.publico.pt/…/carta-aberta-a-paulo-rangel-1752177

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Leituras do dia

1 – Donald Trump call for apology to ‘harassed’ Mike Pence rejected by Hamilton cast (Olivia Blair ) “On Saturday, the President-elect called the speech “harassment” on Twitter and said the “theatre must always be a safe and special place” branding the cast of the award-winning musical “very rude”.” http://www.independent.co.uk/…/donald-trump-claims-mike-pen… 2 – Alt-Right Exults in Donald Trump’s Election With a Salute: ‘Heil Victory’ (Joseph Goldstein) “But now his tone changed as he began to tell the audience of more than 200 people, mostly young men, what they had been waiting to hear. He railed against Jews and, with a smile, quoted Nazi propaganda in the original German. America, he said, belonged to white people, whom he called the “children of the sun,” a race of conquerors and creators who had been marginalized but now, in the era of President-elect Donald J. Trump, were “awakening to their own identity”.” http://www.nytimes.com/…/alt-right-salutes-donald-trump.htm… 3 – Globalism: A Far-Right Conspiracy Theory Buoyed by Trump (Liam Stack) “Those conspiratorial beliefs were bolstered when former President George Bush celebrated the end of the Cold War in a 1991 speech by saying it was the dawn of a “new world order.” His use of the phrase was taken as proof by many that a globalist conspiracy really was afoot.” http://www.nytimes.com/…/politi…/globalism-right-trump.html… (Vídeo: elenco do musical Hamilton – http://www.independent.co.uk)  

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A terceira metade da história

A minha crónica de ontem no Público. “A questão é se devemos ser deixados a sós perante a ceifadeira prontos a sermos tragados fieira a fieira ou se, como sociedade, temos alguma obrigação de usar as mudanças no ambiente tecnológico e económico para ajudar a moderar as suas piores consequências e, se possível, melhorar a condição de vida de todos. A chave está, para mim, numa frase dita pelo representante da Cabify à RTP quando perguntado sobre a precariedade nos seus serviços: “essa não é uma questão que nos caiba a nós”. Pois é, mas cabe-nos a nós fazer com que lhes caiba a eles também. As empresas como a Uber e Cabify orgulham-se de serem disruptoras. Essa disrupção não lhes pode sair barata a eles e cara a todos nós, o que não significa satisfazer as reivindicações de “contigentação” dos taxistas, mas obrigar as novas empresas a pagar para mitigar os problemas que causam e ajudar a resolver outros problemas que temos. Recolhendo recursos que permitam, por exemplo, aumentar o investimento nos transportes públicos coletivos e na formação e renovação dos taxistas. (…) Numa sociedade civilizada não há “isso não nos cabe a nós”. Cada um de nós é ao mesmo tempo consumidor e trabalhador; se decide por-se apenas de um lado está a decidir contra outros hoje e contra si mesmo no futuro.”

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Agarrado pelos tomates

A minha primeira crónica da semana foi sobre os últimos dias de Pompeia… digo, os mais recentes desenvolvimentos da campanha presidencial nos EUA. “E é isso que torna tão hipócrita a debandada dos republicanos que criaram o solo fértil de reacionarismo no qual Trump pegou de estaca. Ouviram Trump dizer que os mexicanos eram violadores, que os negros americanos viviam pior do que no tempo da escravatura, que a Arábia Saudita deveria ter armas nucleares, que deveria haver “uma forma de castigo” para as mulheres que fizessem abortos. E aplaudiram ou ficaram calados, enquanto esperavam que Trump os levasse a uma maioria no Congresso e a dominar o Supremo Tribunal por mais trinta anos. Só quando ele deixou de ser uma boia e passou a ser um peso é que deram umas braçadas para não se afundarem com ele. E foi assim que, nas primeiras 36 horas após a revelação do vídeo, Donald Trump só teve um político a defendê-lo: Nigel Farage, esse mesmo. O cavaleiro do Brexit confirmou a uma televisão que “Trump não está a concorrer para papa” e que também ele e os seus companheiros do UKIP se gabam entre si do mesmo tipo de comportamentos. Percebe-se então porque há uns tempos se esforçaram tanto para alarmar a população contra os refugiados que alegadamente poderiam apalpar mulheres nas cidades ocidentais. Pelos vistos, não queriam imigrantes a fazer o trabalho que ainda consideram vergonhosamente deles.” Leia mais aqui: http://www.publico.pt/n1746769

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Guterres à frente da ONU

Espero muito de Guterres à frente da ONU. Há uma crise profunda no consenso internacional que prometeu direitos humanos a cada um de nós e deveres dos estados para os garantir. Há um planeta em risco. Há um recrudescimento do nacionalismo agressivo. Há o terrorismo do ISIS. Há muitas razões urgentes para precisarmos de um líder mundial com independência e coragem moral. Portanto, claro que ficamos contentes como portugueses. Mas é como cidadãos do mundo que ficamos a torcer para que ele possa dar o seu melhor.

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A geringonça tem futuro?

A minha crónica de ontem no Público. “Para fazer as contas à importância deste governo, não basta pensar nos desafios e dificuldades de “virar a página da austeridade”. É preciso pensar no que faria Passos Coelho num segundo governo. Ideologicamente neoliberal como poucos políticos no país, Passos Coelho privatizaria o que faltasse vender e poria em risco o estado social tal como o entendemos. Se estivesse aliado com um PS de “abstenções violentas” como o de Seguro, poria em cima da mesa uma mudança constitucional como a que propôs ao chegar à liderança do PSD, esvaziando os direitos sociais e diminuindo a proporcionalidade do sistema político. Foi com essa possibilidade que brincámos durante os últimos anos de sectarismo à esquerda. Pelo seu lado, a governação à esquerda tem a missão oposta. Trata-se precisamente de garantir que no núcleo essencial daquilo que a une — o estado social e o cumprimento da Constituição — o acervo de conquistas do 25 de Abril fique salvaguardado por mais uma geração. (…) Mais tarde ou mais cedo, a geringonça precisará da sua base de apoio social. E esta não se mobiliza apenas para conter o que de pior foi feito mas sobretudo por uma visão estratégica de futuro.” Mais aqui: http://www.publico.pt/n1746223

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Olha um Hitler

A minha crónica de ontem foi sobre as declarações do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte. “O presidente das Filipinas Rodrigo Duterte, já conhecido por ter chamado “filho da puta” a Obama e respondido a uma resolução do Parlamento Europeu com um “vão-se lixar”, fez na sexta-feira um discurso que incluiu o seguinte excerto: “Hitler massacrou três milhões de judeus” (nota minha: segundo a maioria dos historiadores, o número é o dobro); “nós temos três milhões de drogados e eu ficaria feliz em poder massacrá-los. Ao menos os alemães tiveram o Hitler e as Filipinas ter-me-iam a mim. As minhas vítimas seriam só criminosos para se poder acabar com o problema do meu país e salvar a próxima geração da perdição.” Nada descreve tão bem a anestesia geral em que vivemos. Durante décadas, a hipotética ocorrência de um novo Hitler seria suficiente para alarmar meio mundo. Hoje, um homem que governa cem milhões de pessoas numa das regiões mais voláteis do mundo e que tem um conflito territorial no mar da China com pelo menos outros três países pode comparar-se a Hitler e a reação geral é como se víssemos um tipo de bigodinho esquisito na rua. Olha ali um Hitler. Extraordinário.(…) .Mas nós não estamos só anestesiados. Estamos cegos.” Mais aqui: http://www.publico.pt/n1745956

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