Que o novo contrato ia falhar ficou claro quando os estudantes começaram a ser empurrados para os empréstimos bancários. Foi o próprio estado, via Caixa Geral de Depósitos, o pioneiro na introdução das gerações mais jovens ao endividamento (lembrem-se disto quando vos disserem que o povo foi imprevidente no recurso ao crédito). Atenção: segue-se a temível frase “no meu tempo”. No meu tempo de Universidade, havia um contrato mais ou menos claro entre os estudantes, as famílias e o estado. Esse contrato partia do pressuposto de que o ensino era “gratuito”, ou seja, que não eram os alunos que pagavam directamente os salários aos professores, mas os seus pais através dos impostos. O corolário era simples: se estudares, entrarás no ensino superior, de preferência público, de preferência perto de onde moras. O estado pagará aos professores com os impostos dos teus pais, e os teus pais pagarão directamente as outras despesas com livros, alimentação e alojamento. Não era um contrato perfeito, mas era simples — e foi o que permitiu o acesso ao conhecimento por parte de uma geração de gente sem dinheiro na família. Nos anos 90 apareceu uma nova proposta de contrato.