A história registará a forma como tudo isto aconteceu, mas não compreenderá. Parece a obra de uma conspiração de irresponsáveis. Ainda bem que Merkel e Sarkozy proclamam fazer tudo para salvar o euro e a União. Se fosse para destruir o euro e a União ninguém daria pela diferença. Quando isto começou, há mais de ano e meio, só poderia ter havido uma mensagem da União: o euro é inexpugnável, ponto. A bem do euro, qualquer dúvida sobre a solvência de um dos seus estados – no caso, a Grécia – teria de ser cortada pela raiz. Infelizmente, a Senhora Merkel tinha então umas eleições na província, e preferiu o provincianismo. Impediu qualquer resposta comum ao incêndio que começava a lavrar e ainda não resistiu a lançar gasolina para o fogo, com uns comentários infelizes sobre os países do Sul, lançando para a opinião pública alemã preconceitos que nunca mais ninguém conseguiu controlar. O incêndio ganhou mais dois focos, Irlanda e Portugal.