É a cultura, estúpido!

A minha crónica de hoje no Público: “Se o debate na União Europeia fosse sobre como nos preparamos para o futuro, já teríamos saído da crise há muito tempo, não só porque teríamos um plano conjunto que interessasse tantos a uns como a outros, como sobretudo facilmente conquistaríamos o apoio do resto do mundo. A Europa tem recursos suficientes, humanos e materiais, para tornar um seu plano de recuperação credível ao mundo e apetecível aos seus investidores.” Para ler a crónica completa click em: É a cultura, estúpido!

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Ouçam este homem

Para ultrapassar a primeira crise europeia do século XXI, precisamos de um tipo especial de europeus. Gente que entenda o papel do seu país na Europa, e o papel da Europa no mundo. Que queira reformular com as pessoas e não contra elas. Que tenha noção das consequências de um novo fracasso. Que esteja mais interessado em novas soluções do que velhos dogmas. No segundo semestre de 2011, a situação na zona euro tornou-se crítica. O resgate grego tinha-se dado pouco mais de um ano antes, o português durante o primeiro semestre, o irlandês entre ambos. Mas os resgates não só não conseguiam acalmar os juros nos mercados da dívida soberana, como até os excitavam mais ainda. Após cada país que caía, a aposta era sobre qual seria o próximo a cair. E os próximos seriam a Espanha, e a Itália, e depois a França. E com isso seria o fim desordenado do euro, uma coisa pouco bonita de se ver. Em setembro desse ano escrevi uma crónica chamada “Onde estamos”, onde defendi a implementação de uma solução para a crise do euro baseada na “Modesta Proposta para Salvar o Euro”, de Yanis Varoufakis e Stuart Holland. Ao contrário das anteriores propostas baseadas na mutualização da dívida, politicamente bloqueada, a proposta de Varoufakis e Holland baseava-se na emissão direta de títulos pelo Banco Central Europeu e na reciclagem da dívida soberana num prazo longo, ao passo que o Banco Europeu de Investimentos financiaria um plano de recuperação e relançamento da economia, em particular nos países do Sul e da periferia. Não havia tempo a perder.

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Respostas sem pergunta

A troika é provavelmente ilegal. O Tribunal de Justiça praticamente grita que lhe perguntem para poder dar essa resposta — mas os estados-membros não lhe perguntam, por medo ou por seguidismo. Aconteceu uma coisa interessante na semana passada. Pela primeira vez o Tribunal de Justiça da União Europeia respondeu a uma pergunta do Tribunal Constitucional Alemão sobre “o que for preciso”. A resposta ainda não é definitiva, mas é já relevante para o nosso futuro. Um pouco de paciência, então. “O que for preciso” é, se bem se lembram, o que Mario Draghi do Banco Central Europeu disse que faria para salvar o euro. Esse “faremos o que for preciso” acalmou os mercados em julho de 2012, e dois meses depois, em setembro, Draghi apresentou um plano para compra de dívida dos estados que, mesmo engavetado, produziu milagres. Nunca foi gasto um cêntimo, o plano não foi implementado, mas o mero facto de existir deu a entender que o BCE não deixaria repetirem-se as divergências entre taxas de juros que vimos em 2010 e 2011, e que levaram a Grécia, Portugal e outros a ajoelharem-se perante os credores. Na Alemanha, o plano de Draghi —

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Ouçam este homem

Minha crónica de hoje no Público: “Yanis Varoufakis é certamente um desses europeus. É também um dos poucos economistas a não encarar esta crise como um mero economista. Onde outros se limitam a proclamar as suas equações e a desconsiderar o resto, Varoufakis entende a necessidade política de procurar soluções que não dependam de fazer de conta que o eleitorado alemão não exista ou que os tratados europeus possam ser ignorados. Coisa rara num economista, não pretende sacrificar os empregos e prejudicar as vidas de milhões de pessoas só para provar que tem razão. Está longe, muito longe, de achar que o euro é perfeito, mas prefere melhorá-lo do que lançar o seu país e a Europa no desconhecido.” Para ler a crónica completa click em Ouçam este homem

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O caderno de milagres

Ora, um governo não é dono do país, dos seus recursos, das suas ferramentas. É um cuidador, mandatado politicamente pela comunidade, até chegar o momento de passar o seu mandato a outros. O governo está em fim de mandato e não há, neste momento, um consenso político sobre a privatização da TAP. Esperar e levar o tema a eleições seria o único cadernode encargos possível para um governo minimamente sério. Há uma coisa extraordinária: um caderno de encargos resolve tudo. Se o estimado leitor não conseguir fazer qualquer coisa — encontrar a alma gémea, emagrecer, terminar um livro, aumentar o seu salário — tem bom remédio. Privatize-se e endosse tudo isso num caderno de encargos ao seu comprador. Ele terá de lhe acrescentar uma assoalhada à casa, aparar a relva, ir buscar os filhos à escola, e pagar por isso. É isto, não é?

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Está tudo perdoado

Isto só o Charlie poderia desenhar, porque está a falar dele mesmo. Dizia o comediante George Carlin que “o dever do humorista é procurar onde estão os limites e violá-los intencionalmente”. É o que faz a primeira capa do Charlie Hebdo após a matança de doze dos seus autores e colaboradores perpetrada por fanáticos islamistas. Muitos de vós já a terão visto: representa Maomé segurando um cartaz “Je Suis Charlie”, com uma lágrima ao canto do olho, e um título nas habituais letras garrafais manuscritas: ESTÁ TUDO PERDOADO. Tudo perdoado como? Mas como pode estar perdoada um dos ataques mais violentos de sempre a um jornal? Como pode o cartunista Luz, autor desta capa, fazer isto com o assassinato dos seus próprios amigos? A resposta está no dever do humorista:

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Respostas sem pergunta

Minha crónica de hoje no Público: “Quem conseguiu ler até aqui talvez se lembre que isto sempre foi afirmado nesta crónica. A troika é provavelmente ilegal. O Tribunal de Justiça praticamente grita que lhe perguntem para poder dar essa resposta — mas os estados-membros não lhe perguntam, por medo ou por seguidismo.” Para ler a crónica completa, click em Respostas sem pergunta

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Contra o irreversível

A abertura para uma política diferente existe: juntar a estratégia da administração da TAP, as necessidades do país e a importância que os portugueses dão à companhia para avaliar que apoio público, e para quê, poderia ajudar a cumprir com os nossos objetivos comuns para os próximos dez anos. Ainda é possível fazê-lo, mas só se a sociedade conseguir impedir esta privatização apressada que causará um dano irreversível a Portugal. Como milhares de outros portugueses, pontuei as minhas festas com idas ao aeroporto, para buscar e levar parentes queridos. Na despedida, o que mais custou foi ouvir a pergunta: “achas que um dia podemos voltar para viver cá?” Enquanto as coisas se mantiverem como estão, dificilmente poderemos dizer às nossas várias diásporas — aos que se doutoraram lá fora, aos que viram o seu negócio falir cá dentro, passando pelas enfermeiras e pelos desempregados que deixaram de esperar — que é seguro voltarem porque o país está não só a crescer, mas sobretudo a adquirir o nível de desenvolvimento que lhes permitiria trazerem para cá as suas famílias num plano de longo prazo. Poderemos conseguir inverter a tendência das políticas atuais; só aí, verdadeiramente, responderemos à outra pergunta que

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Está tudo perdoado

A minha crónica de hoje no Público: A resposta que o Charlie deu ao ataque de foi alvo é, em si, um tratado de filosofia moral, e de religião também. Mas, como todas as coisas que atingem este nível de desconforto, profundidade e risco, não há muitas palavras a acrescentar. Por isso vai hoje uma crónica curtinha, para poder acomodar a ilustração em causa e dizer o quanto a admiro. Para ler a crónica completa click em Está tudo perdoado

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