E é uma questão difícil. Por mais voltas que dê, se nada mudar nas tendências atuais, só vejo os resultados que dei na última crónica. Claro que a expressão operativa é “se nada mudar”. Num país em que tudo se desmanchava — o estado de direito, os direitos fundamentais, a própria democracia — conheci um dia um filósofo que mantinha um sentido de humor notável. Sabendo de como ele era muitas vezes pessoalmente atacado como traidor à pátria quando era, pelo contrário, alguém que amava o seu país e sofria com tudo o que lhe acontecia, perguntei-lhe como era capaz de continuar com aquele ânimo todo. A resposta dele foi: enquanto eu não estiver parado, não me deprimo. Já experimentei baixar os braços. Foi horrível. A partir daí comecei a fazer todos os dias qualquer coisa e nunca mais olhei para trás. Notem agora uma coisa: isto não fazia dele um otimista. Pelo contrário,