A política não é feita só, nem principalmente, de tática, mas de escolhas morais e históricas. Mas há quem só entenda os erros morais e históricos quando eles se revelam erros táticos. Os primeiros resultados das legislativas em França permitem revisitar esta verdade:
“À esquerda nunca pode ser indiferente de que lado da história se está. Estar contra a Europa para competir com a extrema-direita ou estar do lado da Europa para combater a extrema-direita não é a mesma coisa. No primeiro caso, opta-se por desistir do projeto europeu em nome de uma leitura do regresso da história à chave “nacional”. No segundo caso, faz-se o esforço de apresentar uma versão de esquerda daquilo que poderia ser um projeto europeu social e democrático e uma visão justa da globalização, se quisermos que a Europa e a globalização não sejam monopolizadas só pelo centro. As eleições francesas de ontem, dominadas por um Macron que afinal não é tão detestado como isso, e onde os socialistas foram arrasados e a dinâmica de Mélenchon se esvaziou, sugerem que em França estamos mesmo numa situação de monopólio do centro. Se a esquerda francesa quiser reconstruir-se para disputar a sério esse monopólio, uma boa ideia seria apresentar uma visão alternativa do que deseja para o projeto europeu, em vez de apostar só no suposto colapso da UE.”
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