Se há estereótipo cujo cultivo e exibição é recomendado para dar caução intelectual instantânea no nosso país é o do pessimismo. Com especial destaque para o pessimismo sobre a Europa, atualmente tão em voga. Ontem escrevi no Público sobre como esse pessimismo automático e derrotista pode ser fatal para os interesses de Portugal.
“Já seria tempo de pensarmos, por exemplo, se o problema não estará na sofreguidão com que nos colocamos a questão da “última” oportunidade. Noutras paragens até o maior revés na luta pelo progresso social (um exemplo: esta semana, Trump deu um passo de gigante para cortar o acesso à saúde a 24 milhões de cidadãos) é entendido como uma etapa da luta política que um dia poderá ser vencida. Na Europa, pelo contrário, qualquer luta pelo progresso social está condicionada há demasiados anos pela questão de saber se a UE sobrevive. Aqueles que acham que o apocalipse está para breve escusam-se a lutar pela Europa e arriscam-se a cometer o mesmo erro do Brexit: alguns políticos britânicos consideraram que estavam a jogar por antecipação em relação ao fim da UE e arriscam-se agora a ficar isolados se mais ninguém os seguir.”