Dizer “este governo deve cair” sem dizer como chegar a outro governo, infelizmente, não representa nada de novo.
Lembram-se da primeira vez que receberam um daqueles envelopes que dizem “você é o vencedor — venha receber o seu prémio!”, e o prémio (que nunca se chega a receber) pode ser um carro, ou um milhão de euros, ou uma torradeira? É difícil recuperar a memória de ilusão e imediata desilusão desse momento, porque a maior parte de nós já não leva a sério quando recebe o envelope. Já fomos desiludidos demasiadas vezes. Ainda assim, os envelopes continuam a chegar, e temos vontade de acreditar.
Para um português de certo tipo, como eu, o equivalente é a promessa de unidade da esquerda. Há quarenta anos que nem nos sai uma torradeira, mas de cada vez que recebemos o envelope ainda nos enchemos de esperanças.
Foi isso que aconteceu no passado domingo com a notícia de que o PCP e o Bloco se iriam “unir” para combater o governo. Durante 24 horas, a especulação foi grande e os corações bateram com força.
No dia seguinte veio a resposta: duas moções de censura separadas, apresentadas em simultâneo. Que dizer? Não quero desdenhar deste enorme avanço. Há um ano, com o FMI a bater à porta do país, o PCP e o BE competiam para ver quem ultrapassava o outro numa moção de censura, e o máximo que conseguiram foi marcar um café entre as direções dos partidos. Agora, com o país a saque, salários cortados, trabalhadores desempregados, bens públicos vendidos ao desbarato, suponho que a decisão de acertar os calendários comunistas e bloquistas seja uma colher de café no meio do descafeinado.
Pelo menos isto pode dizer-se: há hoje um discurso novo contra o entricheiramento das esquerdas, e os partidos — nas vésperas de mais um evento nesse sentido, o Congresso Democrático das Alternativas — parecem ter tomado nota. Mas dizer “este governo deve cair” sem dizer como chegar a outro governo, infelizmente, não representa nada de novo.
Se os partidos de esquerda não se podem unir, será que se podem ao menos abrir? O Partido Socialista também tomou nota das exigências de democratização da nossa política, e apareceu nos jornais falando de umas tais de “diretas” através das quais seriam escolhidos os seus candidatos às autárquicas.
Infelizmente, isto é uma novidade velha. As tais “diretas” são eleições limitadas às concelhias e aos sindicatos de voto no interior do PS, com tudo o que isso significa: na maior parte dos casos, o candidato ganhador está pré-escolhido. O que de facto mudaria a política em Portugal, como mudou noutros países, seria a realização de primárias abertas que juntassem e transcendessem os partidos e permitissem a participação da sociedade civil. Em suma: também aqui nos enviaram um envelope prometendo-nos democracia e acabámos recebendo a velha torradeira da partidocracia.
Mas a verdade é que estes partidos, que tanto conhecemos e amamos, não podem ser desmotivados. Então aqui vai: alguma convergência é melhor do que nenhuma; alguma democracia é melhor do que nenhuma. Esperando que não seja demasiado pouco, demasiado tarde, assina reconhecido e grato um português de esquerda.
3 thoughts to “O envelope”
Os iranianos receberam a carta dos mujahedin vermelhos e não responderam em 5 dias, logo , logo viram sanções americana à fartazana, nunca mais arranjam uma bomba de jeito e até agora já desvalorizaram a moeda 110% até ontem que a 40% por dia…
Fernão de Magalhães rasgou a carta que tinha recebido de um Patagão, resultado ao quebrar a corrente os patagões extinguiram-se e Fernão foi cortado em tiras pelos proletários unidos de Cebu e ilhas adjacentes.
O operariado do funcionalismo português, ou os burgueses pré crise do PCP de zita s’abra, não respondeu à carta da TSU e preferiu pagar em prestações mas foi demasiado pouco, demasiado tarde e acabou semi-falido uns anos depois.
Se o recipiente desta carta fizer 25 cópias, não só lhe sai um euromilhões para 5 anos e mudaria a política em Portugal, como por milagre mudou noutros países semi-aarruinados como o Chipre que vai necessitar de mais 11 mil milhões e paga aos russos a autonomia territorial, mudará tudo noutros países, o egipto é uma terra de leite e mel, a france de hollande perdeu a Arcellormittal e mais um cento de empresas em 3 meses e picos, com 20 mil operários e pessoal commercial a ir à vida
Logo a solução é o neo-PRD a realização de primárias abertas que juntassem e transcendessem os partidos e permitissem a participação da sociedade civil.
Em suma: se enviar as 25 cartas terá a democracia sem interesses nenhuns como a que existe nas juntas e nos directorados escolares e nos condomínios….e acabará a partidocracia.
assina reconhecido e grato o pessoal dos jogos alternativos em pirâmides feitos.
É verdade que o país está prenhe para jogar 33% em alternativas, mas 33% dos votos expressos com 50% de abstenção e muito deste voto alternativo a reforçar novos coelhones madeirenses e suas filhas…
o facto do partido dos animaes ter tido mais votos do que a alternativa xxI ou da igreja universal do reino de deus transvestida em humanista ou como se chama agora
diz muito sobre essas alternativas
e um PND ou outro partido com 5% ou 3% de votas que contribui para as alternativas?
assi nado: consumo público -9,9% in dois anos
investimento – 25 % em dois anos
em resumo: sem con fiança nas alternativas
o pessoal que investiu em empresas de pataco durante anos
mete-se num avião e abre parcerias no brasil
como o ex-deputado nomine magalhães com 50% de uma casa na bahia de todos os santos quiçá com motorista ou só empregada doméstica
vão criar empregos de sapateiros noutros lados né?
de resto a fuga dos têxteis finlandeses de Portugal este ano
como já tinham fugido da grécia as fiações de algodão em 2010
diz muito deste estado de coisas
a grécia produzia 1 milhão de tones de algodão em 2008
quantas produz hoy?
porquê?
quantas indústrias ligadas ao consumo de verão fecharam na grécia
quantos pequenos negócios ligados ao turismo?
a solução eleitoralista
não nos resolve nem resolveu em lado nenhum as greves
a dificuldade de transportar as matérias primas
as perdas derivadas do armazenamento…
se em 1998 a 2011 mais de 300 mil agricultores indianos se suicidaram por estarem endividados à Monsanto, nada resolve aos restantes um governo novo que lhes dê sementes de algodão baratas
já não existem para o consumo
não é um problema de ter ou não um governo aberto e esclarecido e sem interesses con’s tituidos
é toda uma estrutura económica dependente do exterior para funcionar
e da confiança dos consumidores internos para se afundar menos
e nada disto existe
e isso vai continuar
e os sistemas económicos dificilmente serão alterados num mundo onde o ocidente já não tem força para impor mudanças
nem ninguém se interessa muito pelo que se passa noutros lados
é uma civilização centrada no umbigo apenas vendo partes de um problema muito mais vasto..
os agricultores indianos deixaram de ter semente de algodão de produção própria
os gregos com excesso de produção em 2009 que não conseguiam enviar para os seus destinos
nem vender à industria têxtil europeia
e toda a bacia mediterrânica com fluxos turisticos anómalos…
que governo muda um país essencialmente de serviços?
por decreto?
por UCp’s que vendem a maquinaria e o gado aos espanhóis como em 75
que semeiam trigo em solos pedregosos a 150kilos por hectare para colher 200 kilos?
pois lembro-me….das experiências…bons tempos
ontem existia um gaijo ou uma gaija com entrevista mediada pelo IEFP a 50 kilometro de distança havia cumboio pra lá chegar ?
obviamente nein
e porque não foi de carro perguntaram ao à desempregada de longo curso com 350 de subsídio…
um governo renovadex muda práticas destas velhas de séculos?
pois