Em entrevista ao Libération, o eurodeputado do GUE/NGL, candidato presidencial francês e copresidente do Parti de Gauche, que com os comunistas franceses faz parte da Frente de Esquerda, responde às seguintes perguntas sobre a Líbia. Tradução de alguns excertos.
Porque apoia os ataques aéreos na Líbia?
A primeira questão que temos de nos colocar é a seguinte: há um processo revolucionário no Magreb e no Médio Oriente? Sim. Quem faz a revolução? O povo. É pois decisivo que a vaga revolucionária não seja quebrada na Líbia. Bastaria que Kadhafi ganhasse para que a mensagem passasse a ser: “aquele que bater durante mais tempo e com mais força no seu povo durante uma revolução, ganhou”. Ora isto seria um sinal desastroso, uma vitória da contra-revolução! A minha posição é constante: sou partidário de uma ordem internacional garantida pelas Nações Unidas.
Mas conhecemo-lo bastante mais crítico contra as intervenções militares… porque votou favoravelmente, por exemplo, a resolução no Parlamento Europeu?
Esta resolução, apresentada pelos socialistas, os verdes, uma parte da direita e assinada pelo presidente do meu grupo [GUE/NGL], Lothar Bisky, membro do partido alemão Die Linke, pedia à Comissão Europeia que estar pronta caso houvesse uma decisão da ONU. Votei sim por essa razão. Aprovo a ideia de que há que vergar o tirano para o impedir de vergar a revolução.
No seu campo nem toda a gente é favorável a esta intervenção. Os comunistas em particular têm denunciado o risco de uma escalada…
Claro que há o risco de uma escalada, mas antes disso temos o risco de um massacre! Aprovo então o mandato da ONU, mas não mais do que isso. Sou contra uma intervenção em terra. Não estamos em guerra contra a Lìbia. Peço-lhe que compreenda: a última palavra não pode pertencer à força contra a revolução! E quais são as alternativas? Não é com comunicados que se pode abater um ato ou destruir um tanque! Se a Frente de Esquerda governasse a França, teríamos ficado a ver a revolução líbia estrebuchar como os nossos antecessores ficaram a ver os revolucionários espanhóis morrer? Não. Interviríamos directamente? Não. Teríamos ido à ONU pedir um mandato. Exatamente o que foi feito.
A sua posição não é coincidente com a sua oposição à Guerra do Golfo, em 1991, às intervenções no Kosovo e no Afeganistão…
Há uma diferença fundamental! Todas essas guerras se fizeram através de uma decisão unilateral da NATO. No caso presente, pelo contrário, a intervenção faz-se com mandato da ONU. Ora isso é decisivo: não há ordem internacional sem passar pela ONU.
No caso da Líbia, você concorda com o direito de ingerência…
Não. O direito de ingerência não existe e eu espero que nunca venha a existir. O que conta, para mim, é a referência ao dever de protecção da sua população por parte de um governo. Kadhafi dispara sobre a sua população. Em nome do dever de protecção, a ONU pede para intervir.
One thought to “Mélenchon: “Há que vergar o tirano antes que ele vergue a revolução””
O senhor é uma vergonha!!! Pode pôr os artigos que quiser para justificar o ato criminoso que o senhor votou.
O senhor nem merece mais um minuto do tempo de quem for.