Na primeira crónica da semana escrevo sobre o “cristianismo” de Trump — que promete aumentar o arsenal nuclear dos EUA —, Putin — que bombardeia cidades indiscriminadamente — e Farage — que repreende o Arcebispo de Cantuária por este ter ousado falar em refugiados na Missa de Natal. Considerem-nos assim uma espécie de Reis Magos ao contrário.
“Desde o seu início há dois mil anos, o cristianismo teve crentes que tentaram ser sábios usando a religião. Também teve homens que usaram a religião para tentar ganhar poder. Os segundos, em geral, odeiam os primeiros. Não é por acaso que estes auto-proclamados defensores políticos e militares da cristandade rejeitam o Papa Francisco e pelos vistos também o Arcebispo de Cantuária, como detestam qualquer líder espiritual ou laico que lhes lembre as suas obrigações morais perante os refugiados, o planeta ou a humanidade.
Ora, qualquer outra pessoa, mesmo que de outra (ou nenhuma) religião, tem por seu lado também uma obrigação moral: a de tentar não confundir qualquer destes três homens com qualquer vestígio do cristianismo que eles por vezes tentam alegar defender.”
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One thought to “A cristandade está mal entregue”
Que o ano novo continue a trazer-nos as crónicas lúcidas, esclarecedoras e pedagógicas, quase sempre ‘na mouche’, de Rui Tavares.
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