A minha crónica de hoje no Público – Isto não pode ser verdade.
“E aí, mais uma vez, tenho de admitir que fraquejei. Por um lado, a ideia de que Passos Coelho fosse apresentar este livro era uma adição tão absurda à mentira original que escancarava completamente o jogo. Por outro lado, que Passos Coelho fosse apresentar o livro sem o ter lido pareceu-me completamente verídico. Este é o Pedro Passos Coelho que conhecemos. O homem que quis ir “além da troika” antes de conhecer o memorando da mesma. Nem por um minuto eu duvidaria que se Passos Coelho fosse convidado para apresentar um desastre deontológico ele se manteria firme nesse propósito. Nem por um segundo duvido que ele só apresente livros que não leu. É por isso mesmo que o lugar dele não é à frente do governo mas ao lado do arquiteto Saraiva a apresentar livros.
A verdade só se revelou mesmo quando li uma crónica propagandeando no jornal de Saraiva o livro de Saraiva por um autor — João Lemos Esteves — quase tão bom como Saraiva. Aí é que eu percebi que tinha tudo de ser mentira. O título era “A democracia vai nua!” e a seguir ao ponto de exclamação o autor exprimia o desejo de “que José António Saraiva seja eterno” para escrever comentários tão importantes que “não por acaso os diplomatas estrangeiros e os técnicos do FMI lêem regularmente as crónicas de José António Saraiva no Sol”. Os técnicos do FMI — ponto de exclamação!”