Hoje a minha crónica é sobre o CDS e a sua abordagem à classe média em nome dos interesses dos ricos e das grandes empresas.
“No próprio dia em que o CDS anunciou a sua cruzada pró-classe média foi apresentada pelo partido uma proposta de um crédito fiscal reforçado a empresas capazes de realizar investimento produtivo de forma a descer a taxa efetiva de IRC destas para os 5,5%. Isto é, menos de metade da taxa ultra-competitiva de 12,5% que a Irlanda aplica às empresas que não têm a sorte de se chamar Apple. Dado o rombo certo no tesouro do estado, fica a questão: quem iria pagar o crédito fiscal reforçado que o CDS quer dar às grandes empresas? Não é difícil adivinhar: a classe média.
E porquê grandes empresas? Dada a formulação da proposta, está bom de ver que ela não se aplica a PMEs, mas que pretende captar empresas com capacidade de gerar bastantes postos de trabalho. O problema é que esses são postos de trabalho caros e sujeitos a uma chantagem permanente de saída casos os descontos nos impostos não se mantenham. Feitas as contas, a Irlanda pagou à Apple cerca de 200 mil euros por cada posto de trabalho, grande parte dos quais no seu call-center europeu (cujos salários não são certamente de 200 mil euros/ano). O CDS acabaria por implementar em Portugal um sistema no qual a classe média-alta pagaria para precarizar a classe média-baixa, ou os pais para precarizar os filhos.”
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