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A minha última crónica da semana no Público é sobre César das Neves, Michael Phelps, os Jogos Olímpicos e o menino do Lapedo.

“Michael Phelps teve um problema de depressão e alcoolismo há uns anos, de que recuperou, permitindo-lhe regressar de forma feliz, tanto quanto é possível ver, nestes Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Um cronista mais ajuizado talvez suspendesse o seu julgamento perante coisas tão pessoais como a depressão e a dependência de uma pessoa que só conhece pela televisão. César das Neves, não. Imbuído de um certo espírito de caridade e obedecendo de forma pessoalíssima à injunção de não atirar a primeira pedra, limita-se a declarar que Phelps é “um monstro, no sentido próprio do termo”; que “só pode ser uma pessoa altamente desequilibrada” cuja personalidade terá sido deformada por ter passado vários anos “focado numa única tarefa repetitiva” de “esbracejar e espernear dentro de água” com o objetivo de atingir marcas que “são não apenas imorais, pelos efeitos horríveis que têm nas suas vítimas, mas, neste caso particular, abertamente ilegais”. O que quer que isto signifique. Mais do que um profissional, proclama finalmente César das Neves, Phelps é “um obcecado”, transformado — como os outros atletas olímpicos — pela “ânsia por espectáculo, fama e dinheiro”. No fundo, “apenas um exemplo do materialismo boçal desta era de extremos, que seca tudo à sua volta”.

Houve quem ficasse boquiaberto com a crónica de César das Neves. Houve quem ficasse chocado. Eu confesso-me fascinado. É raro um historiador poder encontrar uma relíquia como esta, este vestígio intacto do pensamento de outras eras, esta espécie de menino do Lapedo do intelecto.”

Leiam tudo aqui: Teodósio das Neves 

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