Não digo isto porque queira o mal dos alemães. Pelo contrário. Digo por querer o bem de todos os europeus. Para que possamos concentrar-nos naquilo que verdadeiramente importa: criar um movimento progressista que resgate o projeto europeu.
Desculpem, mas não quero saber das eleições alemãs. Sim, eu sei. Era suposto elas mudarem tudo. Depois, era suposto elas mudarem nada. Se Merkel perdesse, dizia-se primeiro. Nem que os Sociais-democratas ganhem, dizia-se depois. Alemanha, Alemanha, Alemanha, até à exaustão, maniaco-depressivamente apresentada como a grande líder ou o grande obstáculo do futuro europeu.
Na verdade, o tamanho fantasmático que a Alemanha ganhou foi adquirido à conta dos espaços vazios deixados pelos outros. Sim, é verdade que o governo alemão bloqueou todas as soluções, dos eurobonds à uma união bancária ambiciosa. Mas também é verdade que nenhum outro governo teve coragem de defender estas medidas e de lutar por elas, de fazer alianças por elas e ganhar batalhas. Para isso poderia ser necessário despertar o governo da França, tão sonâmbulo com Sarkozy como com Hollande. Poderia ser necessário unir os PIIGS, mas Portugal nunca quis nada com a Grécia, e a Espanha nunca quis nada com Portugal, e a Itália anda perdida nas suas intrigas. Poderia ser necessário apresentar ideias para a União Europeia, mas para isso era preciso que os nossos governos as tivessem. Poderia ser necessário um Presidente da Comissão forte, mas para isso seria necessário elegê-lo.
Sim, as eleições alemãs têm muita importância. Mas só pela falta de comparência dos restantes. Quando eles comparecem, a Alemanha passa a ser um país como os outros. Então vejamos: a participação da Alemanha nos programas de resgate pode medir-se em milhares de milhões de euros. Mas a participação do Banco Central Europeu mede-se em biliões de euros. Em apenas dois dias, o BCE lançou um bilião de euros no sistema bancário que excedem o valor dos resgates gregos, português, irlandês e cipriota juntos. E em julho do ano passado, Draghi estancou a possibilidade de colapso iminente da zona euro com apenas uma frase e um programa de compra de dívida do qual não precisou de gastar, até hoje, nem sequer um euro. O representante do Banco Central Alemão votou contra; e foi derrotado.
Continua a ser verdade que o governo alemão quase destruiu a zona euro. Quando foi revelado o estado das contas gregas, uma ação determinada da União poderia ter resolvido o problema ali. Mas a chanceler Merkel bloqueou a decisão, porque precisava de ganhar umas eleições na Renânia do Norte – Vestefália. A verdade é que a irresponsabilidade conjunta do governo grego e do governo alemão resultou na crise dilacerante de que Portugal, entre outros, foi uma vítima direta.
Por isso sempre desconfiei de quaisquer pedidos por liderança alemã, francesa ou de quem quer que seja. O que precisamos de garantir para o futuro é que umas eleições na Renânia de Cima tenham tanta importância para o Barlavento Algarvio como vice-versa: uma mera curiosidade. Que, no futuro, demos tanta importância às eleições alemães quanto os alemães deram às questões europeias nestas eleições: interessante, mas não determinante.
Não digo isto porque queira o mal dos alemães. Pelo contrário. Digo por querer o bem de todos os europeus. Para que possamos concentrar-nos naquilo que verdadeiramente importa: criar um movimento progressista que resgate o projeto europeu.
(Crónica publicada no jornal Público em 18 de Setembro de 2013)
2 thoughts to “Achtung, baby!”
Entretanto,,,,,
A Sotheby’s leva a leilão a 13 de novembro o célebre diamante ‘Pink Star’, de 59,6 quilates, pelo qual espera obter um valor recorde, que ultrapasse os 60 milhões de dólares ou 44, 4 milhões de euros.
O diamante ‘Pink Star’ pesa 11,92 gramas, o que equivale a cinco milhões de dólares por grama ou um milhão por quilate, se a estimativa para o valor de venda da Sotheby’s vier a concretizar-se.
O especialista da leiloeira em gemologia, David Bennett, que preside à filial helvética da leiloeira britânica, considera que o diamante é de “um rosa brilhante” e “internamente perfeito”, o que significa ter a cor mais intensa num diamante e ser de pureza absoluta.
O diamante é o maior do mundo na sua categoria, e o valor em causa “é muito, muito dinheiro. E ao valor da licitação é necessário acrescentar os portes e outras despesas, o que significa que só poucas pessoas no mundo podem estar interessados por uma pedra” como o ‘Pink Star’, disse à AFP um especialista do setor, a coberto do anonimato.
O ‘Pink Star’ tem a classificação mais elevada nos graus cromáticos dos diamantes (fancy vivid pink, categoria 5), tendo sido mostrado hoje numa sessão para a imprensa, organizada em Genebra. O diamante está colocado num anel e não existe nenhum semelhante em “qualquer coleção real ou privada, e nenhum museu possui algo semelhante”, afirmou David Bennett.
O diamante exibe um brilho tremendo, “um pouco como um champagne rosé, esfusiante”, na definição do responsável da Sotheby’s.
Entretanto em Portugal,,,,,,,,
Lido no blog “Estado Sentido”
“A falência do estado é constitucional e isso é que importa
por Samuel de Paiva Pires, em 26.09.13
José Meireles Graça: «E aqui estamos. Os senhores juízes deverão por certo estar satisfeitos: à força de dizerem como se governa vão tornando o país ingovernável.»”