A escritora Maria Teresa Horta recusou receber um prémio literário das mãos do primeiro-ministro e deixou-me pensando nas três leonores do século XVIII.
A primeira Leonor foi Leonor Tomásia de Távora. Há exatamente 257 anos, no dia 19 de setembro de 1755, Leonor de Távora desembarcou em Lisboa vinda do Estado da Índia Portuguesa, onde tinha sido vice-rainha junto do seu marido, o Marquês de Távora. O navio em que chegaram chamava-se Bahia de Todos os Santos; atracou no Terreiro do Paço e os esposos, considerados a primeira família nobre do reino, foram por uma prancha até à Casa da Índia, onde pisaram terra; dali seguiram para Belém, a beijar a mão aos reis. Menos de dois meses depois, o Grande Terramoto destruiu Lisboa. Leonor de Távora recebeu os desalojados do sismo no seu palácio de Galveias, ao Campo Pequeno, e tal como o seu confessor Malagrida explica a catástrofe como sendo um “castigo de Deus”. Entra em choque com Sebastião José de Carvalho e Melo, que se tornou no novo homem forte do reino. Três anos e poucos meses depois de ter chegado, a primeira Leonor foi decapitada.
A segunda Leonor foi Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre. Foi sobre ela que Maria Teresa Horta escreveu um livro de mil páginas, As Luzes de Leonor. Esta segunda Leonor nasceu em 1750 e a partir da idade de oito anos passou quase duas décadas presa num convento, em Chelas, também por causa do processo dos Távoras. A segunda Leonor foi também marquesa, a Marquesa de Alorna, mas na poesia era conhecida pelo seu nome de Alcipe. O livro de Maria Teresa Horta é como uma espécie de grande árvore, e cada ramo ou cada folha tem um pedaço da história da segunda Leonor: um acontecimento, um poema, um excerto do diário, uma leitura de Voltaire ou Bayle, os primeiros passos em liberdade, as viagens pela Europa, o regresso a Portugal e os novos exílios. Espero que vá ser lido ainda por mais gente nos próximos tempos.
A terceira Leonor é a minha favorita, Leonor da Fonseca Pimentel. Nascida de pais portugueses em Roma, no ano de 1752, a terceira Leonor foi logo bilingue em português e italiano, e depois poliglota; aprendeu latim e grego, depois francês e outras línguas modernas. Tornou-se uma excelente tradutora, rigorosa e incansável; as suas cartas com as dúvidas para os autores traduzidos são modelos de precisão e seriedade. Casou-se e abandonou o marido. Influenciada pelas ideias das Luzes, a terceira Leonor passou à ação, foi uma das líderes da revolução republicana em Nápoles, e dirigiu o “Monitor Republicano”, jornal oficial da República. Os italianos chamam-lhe a Bela Eleonora, e não há cidade que não tenha uma praça com o seu nome. Quando a monarquia foi restaurada, em 1799, a Bela Eleonora foi enforcada.
Porque pensei nelas? Por causa de uma frase do tempo delas, escrita por Leibnitz: “os tempos presentes estão prenhes do que há para vir”. Pelo menos duas delas conheceram bem essa frase. Sobretudo, sentiram-na nos ossos: que os tempos estavam a mudar. E sim, pensei também na jovem mulher que, na manifestação de sábado, decidiu abraçar um polícia. Mas não interpretarei mais.
Coisas fáceis de entender, mas difíceis de explicar.
9 thoughts to “Os tempos estão prenhes”
Prometo que vou ler o livro da Maria Teresa Horta :), mas é porque quero, não porque espera…e realmente tenho medo dos tempos que aí vêm…não sei se viverei o tempo suficiente para ver tudo, melhor para mim mas pior para os meus e para si…Abr.
Estas Leonores até que eram bonitinhas… :)))
Excelente o que escreveu das/com as três Leonores!
Poliglota com duas línguas?
E bilingue é gaija com duas línguas?
Ou é aquela que mete a língua em rebolucionário libertador e em polícia fascista?
Eu de Grammathica Magellanica sou mais ameaça andromerdal…
A glote tem língua?
E a epiglote vai nessa?
foi uma das líderes da revolução republicana em Nápoles, ê sei que na merica latina o garibaldi à falta de homens para encher de chumbo tamém usava índias como colete à prova de bala
mas isse também servia no reino das duas sicílias?
io sou mais do Tomasi de lampedusa sin medusa
mas cada um acredita nas nuvens e con’s telações que quer…
inté houve mulher pirata né…apesar de dar um azar dos diabos
ter mulher dentro de casca de noz…
a nã ser que fossem todos gente daquela esclarecida e tal
Por isso a revolução talibã é uma revolução cheia de estylo
o facto dos revolucionários usarem as filhas da revolução como moeda de troca ou para elevar o moral da revolução
ou exterminar bombasticamente os infiéis contra-revolucionários
é perfeitamente natural
e é preferível a assarem os filhos dos contra-revolucionários na fogueira até porque brincar com a comida é feio…
felizmente como dizia Jean Bedel Bokassa um bom militar cavalga qualquer revolução e se não tem nenhuma para cavalgar arranja uma
Kadahfi Bokassa Tejero Molina e Othelos são revolucionários intemporais
não sai é o cubamilhões ou o angolamilhões a todos
e há sempre umas baratas fascistas tutsis ou uns macacos armados que estragam a revolução perfeita
Para quem escreve este tipo??????????????????
Já respondi lá atrás ó maníaco-repressivo.
Só em távoras e mangalhães que apoiam Patetas Alegres
e Marias Teresas hortas com tanta força que até obrigam a capitalista Leya a pedir desculpa por a Bertrand ter mandado para cortes de papel 500 livros da autora de poemas como
a luz ao rego não chega/pega/rega o rego/pego o rego/ aconchego
ou similares
e atão a prosa digna de um távora universitário ou de um instiputo
Reitorias pró reitores vice-reitores e até um conselho de um politeco com vice reitores
nos tempos em que a velha feminista conseguiu aval para 1000 livros em que 10% foram dados e 30% vendidos a amigos e a curiosos dos saldos do Mercado da ribeira ou do sistema J
inda há uns a apodrecer num distribuidor do baronato socialista falido em 1998?
távoras há muitos meus palermas
e infelizmente duram duram duram
sejam fêmeas ou machos ou mulas sã sempre grandes
mangalhãaes??????????????Yes??????????????