Arriscamo-nos a perder a geração que mais esforço e dinheiro nos custou a formar, e na qual depositámos esperanças na modernização do país. Se isso acontecer, os efeitos da austeridade de 2012 ainda estarão convosco em 2022.
Os gregos vão para a Austrália, para os países do Golfo, para onde podem. Os portugueses, já sabemos, vão para o Brasil e para Angola. Se a depressão durar, ficarão por lá. Quantos deles o farão depende do tempo e da severidade da crise. A outra variável é a incapacidade do governo para contrariar o fenómeno; infelizmente, com este governo, isso já deixou de ser uma variável para passar a constante.
Paremos um pouco para pensar no que isso significa.
Arriscamo-nos a perder a geração que mais esforço e dinheiro nos custou a formar, e na qual depositámos esperanças na modernização do país. Se isso acontecer, os efeitos da austeridade de 2012 ainda estarão convosco em 2022. O país estará divido entre aqueles que mais dependem da segurança social e do sistema nacional de saúde e uma população ativa de onde os mais formados saíram do país. Junte-se a esse panorama as remessas da emigração e o “Conta-me como foi” passa a ser uma série sobre o futuro de Portugal.
Há maneira de inverter essa tendência. A União Europeia precisa de competir com o enorme investimento que os países emergentes fazem em Investigação & Desenvolvimento. Só o que a China gasta nessa área é superior a todo o orçamento da UE. O Brasil abre novas Universidades Federais todos os anos. Porque não fazem os europeus o mesmo, fundando estrategicamente Universidades da União nos países mais afetados pela crise para impedir a fuga de cérebros e preparar os sillicon valleys do futuro? (Defendo essa ideia, chamando-lhe “o programa Erasmus levado à maturidade” num artigo da revista Europa: Novas Fronteiras dedicado à sociedade do conhecimento).
Um Pedro Passos Coelho que visse para lá do seu mandato também teria aqui uma missão importante: aproveitar uma próxima reunião do Conselho para dizer à sua colega da Alemanha que há austeridades e austeridades. A austeridade na Alemanha, nos anos 90, quando os outros países cresciam e consumiam, não tem nada a ver com a nossa austeridade de hoje, em contexto depressivo.
Isso não significa negar a importância da disciplina orçamental, do rigor, da transparência e da seriedade nas contas, da necessária sobriedade nos gastos, do combate aos desperdícios ou à corrupção.
No fundo é como a diferença entre fazer uma alimentação regrada ou simplesmente deixar de comer. A primeira é saudável; a segunda é um distúrbio alimentar e pode matar.
Exemplos como o da emigração dos jovens qualificados permitem-nos entender como a austeridade, no contexto errado, pode ser pior do que um disparate: é um desperdício.
6 thoughts to “Austeridade é desperdício”
SEM QUErer desprestigiar bossa augusta presença…
não ficam e não ficam porque migrações em massa criam desequilíbrios e ressentimentos dos naturais…os que vão terão de voltar principalmente quando começarem a ficar velhos
e o arquitectum deixar de lavar pratos
o engenheiro químico deixar de fazer la ménage e os trabalhos que os outros não querem e os turnos do cemitério das 23 às 5 da matina
que diga-se de passagem contribuem para a associabilidade e não para a reprodução dos emigrantes
é por isso que há padeiros e magarefes portugueses em todo o mundo
o bon marché precisa de um cortador de carnes que as descarregue às 4 e as corte às 6 da matina? é português ou vende falafel…
isto porque pôr portugueses em cargos de chefia dá barulho…
o pessoal da Bayer com metade do operariado turco ou português fez greve num dos sectores dos insecticidas pois tinham um chefe que nã era alemão….isto se bem me lembro foi em 92 ou 93…
depreendo que em crise económica deve ser muyto melhor…
não há indústria nazional que albergue tantos licenciados excepto a indústria autárquica e estatal …
logo os emigrantes vão fazer lá fora o que não querem fazer aqui…
e apesar de mais rentável é trabalho desagradável
nem todos os emigrantes vão para de puta dos
a maior parte vai para puta mêmo…
e funcionários de bruxelas por via de la migra
tamém vão poucos…na hollanda as cabo-berdeanas têm saida…há muito patronato que gosta tanto delas que as prefere às kanakas que importava…apesar de as Thai serem o mercado laboral do XXI com mais hipóteses de miscigenación
logo nem todos emigramos para sermos de putado….
a de putado dado nã se olha o dente
já lá dizia o TImothy o’Donnel que emigrou prá alemanhA com 2 mestrados para limpar esgotos industriaes…
tamém me alembro de duas secretárias uma grega e outra irlandesa
ambas de olhos verdes que tinham muyta procura por parte das chefias
oviamente o mundo mudou muyto e nada já é assis…
agora cada gaija com um curso de estudos africanos
ou de gestão autárquica vae lá para fora e começa logo a estudar africanos se fôr para angola ou adapta-se às tribos germânicas ou aos ordovices e silures da terra media…
se nunca foi à zona da colon ização madeirense de Londres…vá que é extremamente educativo…leve é um casaquinho velho se fôr de dia
e leve dinheiro nos bolsos se fôr de noute…
a zona jamaicana fica ao pé…é tudo ilhéus…
Se não encontrarem emprego o mais certo é ficarem por lá e viverem de expedientes
têm o direito adquirido de disputar o chão com os sem abrigos autóctones…e sinceramente a polícia alemã é muito mais bruta que a nossa
e a checa ou austríaca nem se fala…
(a checa não a tcheca do polaco de estaline)
Mais um muito oprtuno artigo, Caro Rui Tavares.
Um abraço
“Isto ” terá conserto??????
A Uniao Europeia tem que ser refeita, de alto a baixo, ou rebenta.
E todos temos que mudar de mentalidade, de forma de encarar a criação de riqueza, por forma a que nao seja sempre tudo para os mesmos, e que não rode sempre em circulos concentricos, que abrangem sempre os mesmos, os mesmos partidos, as mesmas pessoas.
Mas quem está fora, nao vai querer ir para dentro para depois fazer igual……