As novas palavras da moda, em Bruxelas, são “solidez e solidariedade”.
Ver o carrossel de palavras que tem entretido os políticos desde que esta crise começou é revelador. Quase todos estiveram apaixonados por “austeridade”; fazia-os ser populares dizendo coisas que passavam por supostamente impopulares, e eles não resistiram ao seu charme. De cabeça perdida, fizeram tudo o que a austeridade queria. Meteram-se num buraco, e a nós com eles. Foi assim que começaram a ouvir os comentadores que diziam: “não pode ser só austeridade, é preciso falar também de crescimento”. E eles reuniram-se numa cimeira em Bruxelas, e fizeram a vontade aos comentadores: falaram de crescimento. E depois foram embora.
De forma que chegou a vez da solidez e da solidariedade. Ditas em inglês, como é da praxe, mas pensadas como se fossem de duas línguas diferentes. “Solidez” é dita para ouvidos germânicos; com “solidariedade” pensa-se contentar os greco-latinos. Um colega diz-me que lhes deveríamos acrescentar também “sustentabilidade”; quando lhe pergunto porquê, diz-me “como alemão, não gosto de ver dois “S” juntos”.
Quando lhe digo que acho tudo isto uma treta, ele fica desiludido. Não deveria eu, português, estar muito grato pela solidariedade?
Não é que as palavras não tenham importância. É com as palavras que convencemos gente; as palavras trazem ideias; às vezes trazem ações.
No blogue Ladrões de Bicicletas, o economista Ricardo Paes Mamede comenta o manifesto “Um Tratado que não serve a União Europeia” iniciado por Eduardo Paz Ferreira. Tanto o manifesto como o comentário se recomendam.
O manifesto diz: «Num momento que é de urgência, em que os problemas da zona euro se jogam no curto prazo, é paradoxal que se tenha apostado em despender energias na elaboração de um projecto de tratado [que] é, no essencial, uma tentativa de elevar ao nível de tratado o fracassado (não por acaso) Pacto de Estabilidade e Crescimento”. Concordo e quase assino por baixo.
E no entanto concordo com Ricardo Paes Mamede quando escreve: “O meu apoio ao Manifesto esbarra, no entanto, num palavra maldita: austeridade. […] Tivessem os autores utilizado a expressão ‘disciplina orçamental e transparência’ e o meu acordo seria quase total.”
“Austeridade” é uma palavra cega. No momento errado, é destruidora. “Disciplina orçamental” (e transparência, evidentemente) pode significar poupar e cortar, mas também investir, e até gastar quando a economia disso necessita.
Além disso, é natural que quando 17 países partilham uma moeda se comprometam a uma disciplina comum. Mas partilhar uma União só tem sentido se a esse “D” de disciplina acrescentarmos outros dois: de desenvolvimento e democracia.
É isso que digo ao meu colega alemão: solidez, solidariedade e sustentabilidade podem ser muito bonitas, mas são estáticas (em inglês, outro “s”: static). Podem ser até um ponto de partida, mas não são suficientes. E dar solidez aos germânicos e solidariedade aos greco-latinos significa apenas cristalizar os termos do bloqueio.
O que nós precisamos é de superar esse bloqueio, transcender os termos da discussão que nos tem paralisado. Usar uma disciplina comum, sim, mas em democracia, e para atingir o alto nível de desenvolvimento económico, social e ambiental que todos os europeus, germânicos, latinos, eslavos ou escandinavos, desejam. Se os 3 “S” são estáticos, os 3 “D” são dinâmicos.
5 thoughts to “Palavras estáticas e dinâmicas”
depende da entoação e do magnetismo personal…
tão a bater no bébé na incubadora é lame…ou lamé
estes ataques pessoais são uma injúria à democracia putogoesa
(Sócrates a responder aos ataques que diziam que andava atás dos Platões)
uma frase banal mas…com efeito
ich bin laden an Berliner…depende do contexto histérico
hoy caía mal..
dá muy trabalho pôr outras iguais
A grécia é a incubadora de déficits eternos
Os janízaros gregos fixeram mais por viena em upgrades que todo o sacro-império
Itália a cloaca maxima da dívida
A alemanha é a barbárie
Por exemplo mercenário ou guerreiro da fé, eram palavras arcaicas
caídas em desuso com o fim da guerra fria
Hoje temos um renascimento dinâmico destas palavras
(dignas dos condottieri do cinquocentimes…
Por outro lado greve, protesto, manif, foram palavras que se institucionalizaram
dantes faziam-se para não se cair na miséria
hoje fazem-se afim de dificultar a tal renegociação do tal buraco
que construimos em cimento con sultadorias energias e transportes
negotium …negar o ócio…
agora semi-a-sério
austeridade reduz importações especialmente as de luxo
o que é bóptimo para 2012 porque vamos necessitar de muito mais comidinha que a produção national tá caput
probabelmente até evian vamos ter de importar para as terras do norte sem freáticos (olha uma palavra dinâmica) de jêto
Resumindo (as palavras não são dinâmicas ou estáticas, nois é que por processos culturais lhes ass o cia mohs imagens mentais…
vimos assis palavras a correrem em busca de alvos
o Jão Pruença fez provavelmente mais pela futura renegociação do empréstimo-doação do que 10 milhões de dinâmicos fazedores de palavras
que assustam os detentores de papelame europeu e de libras do biafra…
probabelmente nã percebeu….
já ahora um artigo (4 linhas) russo sobre a situação portuguesa
“O mercado português de gás sofrerá contracção de 80% por efeitos de diminuição de consumo e emigração maciça”
num país com 900 000 velhos acima de 75 anos
e 2 milhões e tal entre os 50 e os 74
falar de emigração maciça é dar dinamismo a mais a um país feito de palavras moribundas
Austeridade é uma palavra vazia…
austeridade era uma palavra cheia quando se aumentava o pessoal todos os meses 2 e 3% ao mês (25 a 30% ao ano) para o pessoal não fugir da fabriqueta de porcelana de cagadoiro…dos 5.700$ no 25 de Abril de 78
para os 7.900$ em Junho de 79…e o pessoal ia trabalhar como funcionário na câmara porque lá ganhava 8.500 ou 9.500$ com horas extraordinárias
estar a assar aqui no forno quando lá tenho carro pra andar e tudo…
o problema é que mesmo com aumentos de 38,6%
7900$-5.700$=2200$/5700$= 0,385…etc
a inflação ganhava sempre
isse é quera austeridade…e era bom pra quem comprava os stocks das falidas
os cagadoiros nunca desvalorizavam
(Leia o obelisko negro do Erich Maria Remarque
Se já leu…lê mal…
6000$ eu a pôr calçada na rua nova tou a fazer 7.500 e vou ser aumentado prós 7.700 pró mês…bons tempos…
a rua nova tá velha e o parque industrial de futuro….ainda espera o futuro
mas a calçada inda lá está…tem uns eucaliptos a levantá-la e ao alcatrão mas de resto tÁ FINA…pode ser que ardam os eucalitros e a calçada fique livre…em 33 anos já deu trabalho a milhares de calceteiros
e empresários de calcetaria
é algures na capital do caulino português… kao-lin..é chinês
até nos venderam terras chinesas…vejam lá a malandrAge das lojas maçónicas dos chinoques