Solidariedade europeia sem visão europeia é caridade, e isso já se viu que não funciona.
Trabalho para férias
Como resolver a crise do euro em poucas semanas:
Já nos próximos dias, os ministros reunidos no Conselho reconheceriam que entrámos num novo patamar da crise com as subidas dos juros em Itália e na Espanha. Esses juros aproximam-se do limiar (acima dos cinco por cento, dependendo dos prazos de dívidas) em que entram em espiral. A partir daí, a acreditar nos casos gregos, irlandês e português, os juros fogem correndo; só há subida, descida nem pensar. Mesmo que os casos italiano e espanhol sejam diferentes, ninguém vai esperar para saber. Ambos os países são demasiado grandes para deixar cair, e impossíveis de salvar com os atuais mecanismos.
Isto quer dizer que o tempo dos remendos acabou. Vamos supor que a direita tem razão, e que a dívida é o nosso grande problema de longo prazo. Ainda assim, o nosso problema de curto prazo não é a dívida — são os juros da dívida. É a curto prazo que estamos todos mortos.
O Conselho pediria então à Comissão um plano de contingência para a mutualização da dívida. Sim, já sei das objeções. Mostrem-me então outro plano que funcione: a austeridade, empurrar com a barriga, fazer a dança da chuva e acender velinhas já falharam todos.
Será então a mutualização da dívida para trazer estes juros para níveis toleráveis — ou esperar pelo pior. Os planos de contingência já estão esboçados. As primeiras emissões de eurobonds poderiam ser feitas pelo Banco Europeu de Investimentos, sem mudar os tratados. A Comissão apresentaria uma primeira proposta no início de Agosto.
O presidente do Parlamento Europeu, seguindo o artigo 134 do seu regimento, convocaria uma plenária de urgência do PE. Os relatores dos pacotes de crise que já estão nomeados, de vários grupos políticos, pronunciam-se sobre as propostas da Comissão, o Parlamento aprova-as, e reenvia-as para o Conselho.
A crise do Euro termina antes do fim do verão.
Mas não termina a crise da União Europeia, que ficou gravemente ferida neste processo todo
Além da primeira mutualização de dívidas, para estancar a crise do euro, a Comissão deveria preparar até ao fim do ano um Plano para a Europa, que não é nenhum dos atuais, mas que parte dos eurobonds para desenhar uma visão mais ampla do que apenas salvar os Piigs. Se alemães, franceses e finlandeses não perceberem o que têm a ganhar com isto, não irão lá com discursos líricos.
Não adianta pedir solidariedade a quem não se sente no mesmo barco. Solidariedade europeia sem visão europeia é caridade, e isso já se viu que não funciona.
Felizmente o mercado potencial de eurobonds é muito grande — e seguro. Serve para conter a crise e para relançar a economia do continente. Para evitar abusos, os eurobonds, com os seus juros baixos, devem cobrir dívidas apenas até uma certa proporção do PIB de cada país. A partir daí começaria a área perigosa dos juros nacionais; todos os países teriam interesse em fugir dela e este esquema daria à Alemanha uma possibilidade de salvar a sua face moralizadora.
Uma proporção desse dinheiro deveria ser reinvestido federalmente em emprego e infraestrutura, porque o nosso verdadeiro problema de longo prazo é a sustentabilidade do crescimento, que permita pagar dívida e garantir o modelo social (e não lixar o planeta). Mas para isso precisamos de um governo europeu, que poderia ser eleito em 2014.
Rebuscado? Improvável? Talvez. Não venham é dizer que não há saídas.
2 thoughts to “Trabalho para Férias”
CASINO ESTORIL
Collective dismissal of 112 workers at the Casino Estoril
Under these conditions shall not constitute a scandal and immorality proceed to the destruction of the life expectancy of many people? For more when the average age of women and men fired stands at 49.7 years?
Unfortunately, news of a more collective dismissal has been made in our country in a situation of triviality, to which the media attribute less importance, thus giving the true hidden human dramas that are always associated with loss the livelihood of a man, a woman or a family.
But beyond the near silence of the media, what’s most striking citizens affected by this scourge is the impassive state who is responsible, through the bodies established for that purpose, monitor and enforce the constitutional and legal imperatives to protect the employment.
And the most shocking thing is still the State’s own participation, either by default or the performance of duties, especially for active complicity in the commission of acts that objectively favor the dismissal of workers.
We refer, gentlemen of the Republic, the dispassion of organizations such as ACT-Authority for Labour and DGERT (special department of the Ministry of Labor), who asked to enforce the substantive conditions of the dismissal, did nothing by the evidence witnessed.
I understand, finally, that the operation of games of chance is that the state gives in the form of an administrative contract, a monopoly, to private operators.
Já estou cansado de escutar isso mesmo, que não há saídas. Agrada-me ver alguém que propõe algo de forma clara, bem fundamentada. Gostaria de ver esta proposta discutida, na Europa e em Portugal. Esta e outras, que da política espero diversidade e conflito. Da aceitação passiva, da resignação derrotista, não precisamos. É no debate que as ideias se consolidam. E nós não elegemos “os mercados”, elegemos políticos – que não se deveriam amedrontar com os desígnios “dos mercados”, que não devem de maneira nenhuma ignorar ou desconhecer mas aos quais não faz sentido simplesmente prestar vassalagem, como se só restasse obedecer a algo tão errático e caprichoso. Isso não é política, é a sua negação.