[Texto no Público — de há dois anos — acerca de por que aceitei ser candidato independente nas listas do BE ao Parlamento Europeu. Deixo-o aqui de novo, em vista dos acontecimentos de hoje, sem mais comentários. Mas com os comentários abertos, para dizerem o que quiserem.]

Aqui há tempos o eurodeputado e dirigente do Bloco de Esquerda Miguel Portas perguntou-me se eu aceitaria ser candidato independente às eleições para o Parlamento Europeu, e solicitou-me permissão para apresentar o meu nome aos seus camaradas de partido. Depois de pensar sobre o assunto e aconselhar-me com as pessoas mais próximas, disse-lhe que sim. Ontem a Mesa Nacional do BE aceitou o meu nome como candidato independente, em terceiro lugar na futura lista eleitoral. Nas próximas linhas explicarei, nos termos mais concisos que puder, porque aceitei o convite.

Em primeiro lugar, trata-se de um apoio. Votei em Miguel Portas nas últimas europeias. Cinco anos depois, estou contente com o voto que lhe dei. O trabalho dele foi produtivo e acima de tudo construtivo, na proposta de soluções para ultrapassar o impasse constitucional, na oposição à Guerra do Iraque, no seu papel crucial na fundação do Partido da Esquerda Europeia. É menos conhecida a Rede de Reflexão Europeia que ele criou, com a participação de pessoas de diversos campos, da academia à imprensa, da sociedade civil à política. Aceitei participar nessas reuniões, como é meu hábito fazer, e verifiquei que decorriam num ambiente aberto, anti-dogmático e consequente que fica a milhas do que os partidos costumam fazer neste tipo de fóruns. (Foi também aí que conheci Marisa Matias, que será a segunda candidata da lista, e que é uma académica e política promissora com quem será um gosto trabalhar.)

Quem se candidata em democracia tem sempre uma hipótese, mais ou menos realista, de ser eleito. Se isso acontecer, tenho intenção de levar muito a sério o mandato. O Parlamento é a instituição mais democrática da União Europeia e o seu papel nestes tempos terá de ser mais decisivo do que nunca. Diante de nós há uma bifurcação entre uma União burocrática e uma União democrática. Não é novidade para ninguém que, ao nível europeu, a burocracia está a ganhar à democracia. Ora, a qualidade da democracia europeia será aquela que nós estivermos dispostos a conquistar, e não a conquistaremos sem risco nem esforço. Nesse sentido, este apoio é também uma aposta.

Por último, quando alguém próximo me pergunta o que iria eu fazer para o Parlamento Europeu, a minha resposta é “aprender”. Talvez não seja a resposta mais “política” mas é certamente a mais sincera. Aprender é aquilo que sempre mais gostei de fazer. Aprender em público é o que eu tenho feito nos últimos anos. O que vou escrevendo nos jornais ou dizendo na televisão não são opiniões fechadas; são momentos dessa aprendizagem em público. O Parlamento Europeu é provavelmente um dos melhores lugares no mundo para continuar a fazê-lo e tudo o que eu aprender será devolvido ao debate público e, por essa via, aos cidadãos.

É portanto um apoio, uma aposta e uma aprendizagem. Esta crise não é igual às outras e não vai deixar tudo igual como antes. Por isso quero incluir aqui algumas palavras sobre a mudança.

Há quem ache — são os conservadores de direita, mas também de esquerda — que se deve resistir à mudança. Há também quem ache — na “terceira via” do centro-esquerda, como no centro-direita— que temos de nos limitar a “gerir” a mudança e adaptar-nos a ela. Há ainda a posição bizarra, mas partilhada à esquerda e à direita com resultados muito opostos, de quem acha que nós não temos parte nesta história: de um lado estão convencidos que o “mercado” é tão eficiente que devemos deixar tudo a seu cargo; do outro lado estão ainda à espera que as “contradições do capitalismo” e os “limites do sistema” nos resolvam os problemas por nós. Não concordo com nenhuma destas posições atrás descritas.

O nosso papel, do meu ponto de vista, deve ser o de compreender a mudança e nunca fugir a essa obrigação intelectual. Politicamente, porém, o nosso papel deve ser mais profundo ainda. Tentarei resumi-lo numa expressão um pouco arrevesada: é mudar a própria mudança. Que quero dizer com isto? Que não temos de aceitar a chantagem do inevitável nem contentar-nos com medidas meramente epidérmicas — para não dizer cosméticas. Pelo contrário, a própria ideia de democracia parte do pressuposto de que é possível tomar em conjunto decisões fundamentais e transformadoras. À esquerda, “mudar a mudança” quer também dizer que o discurso “alternativo” não pode ser sempre igual nem estar reduzido às mesmas fórmulas se, em vez de ficar à margem, quisermos aproveitar as energias da mudança para a redirigir no sentido da justiça social e dos nossos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade.

Uma última palavra sobre as consequências pessoais desta decisão. Espero que as linhas que acabei de escrever tenham dado uma boa indicação de que continuarei a ser o que já era e a fazer aquilo que gosto de fazer: ser um independente de esquerda, historiador de formação e vocação, que escreve para ser lido aqui neste jornal ou onde me derem liberdade. Depois de ter pensado sobre o assunto, entendi com alívio que as decisões sobre o que vai acontecer cabem agora a outros: aos eleitores nas próximas eleições, à direcção do Público nas páginas deste jornal, e à direcção da SIC-notícias na estação televisiva onde colaboro. A minha única decisão é esta: onde me derem liberdade, darei o meu melhor.

26 thoughts to “Um apoio, uma aposta, uma aprendizagem

  • José mestre

    O que Rui Tavares escrevia…
    Com o respeito que me merece devo dizer-lhe que só posso lamentar a sua decisão de, continuando no Parlamento Europeu, se ter “transferido” para o grupo dos Verdes.
    Sabe eu votei num projecto político europeu do BE e não em Miguel Portas, Marisa Matias ou… Rui Tavares.
    Assim sendo, só posso dizer que me sinto enganado.
    Bom caminho lá para onde vai. Não se esqueça de ir pela sombra…

    Saúde e Fraternidade

  • carlos fernandes

    Desde a primeira hora que tenho votado, contente, no Bloco de Esquerda. Ouvi o Miguel Portas, entusiasmado e entusiasmante, a apresentar o então novo projecto político, menos focado no ponto de chegada e mais no ponto de partida e no caminho que se iria fazendo..
    É com enorme desilusão que vejo um projecto de esquerda consistente, combativo e democrático (eram essas as minhas ilusões), esboroar-se ao primeiro recuo eleitoral e trazer como “bónus” um sectarismo que eu pensava enterrado (pelo menos dissipado não sou assim tão ingénuo..).
    De facto o Francisco Louçã aceitou de bom grado, e isso tornou público, que o Rui Tavares falsificou a História. Aceitou ainda que isso foi feito sob a forma de “sopro” a um(a) jornalista (ao jeito de Marcelo entre outros). Não haveria um telefone, telemóvel, email sei lá sinais de fumo para perguntar ao próprio se tal notícia era verdadeira? Parece de facto uma triste forma de lançar a dúvida sobre o carácter do interlocutor como forma de não debater o argumento.
    Do mesmo sectarismo padece Luís Fazenda com a pergunta “quem é Daniel Oliveira?”. Argumentos desaparecem pelo desaparecimento do “argumentador”, espécie de apagamento de trotsky na fotografia original.. Quem diria Louçã?
    Parece-me ainda significativo que na notícia em causa o “substituto” de Rosas fosse Daniel Oliveira, juntando assim num mesmo eventual conluio dois contestatários que nem o serão direi antes perguntadores e pensadores incómodos (esta parte do incómodos é que estranho e me incomoda)
    Tenho ainda muita pena que saias Rui Tavares, que não tenhas encontrado outro caminho dentro do Bloco e dentro da Independência. Não sei se concordo, sei que compreendo, afinal “A minha única decisão é esta: onde me derem liberdade, darei o meu melhor.”
    Abraço e desculpem o comprimento da carta

  • Maria Almeida

    As aprendizagens trazem riscos e esta aposta chegou aqui. Valeu a aposta e não foi perdida de modo nenhum, que tem feito muito bom trabalho como independente do Bloco.
    Compreendo perfeitamente que nestas circunstâncias não continue ligado ao BE e louvo a ética política. Anseio pelo dia em que mais políticos a tenham e que também aprendam com os independentes.
    Votos de continuação de bom trabalho.

  • Paulo Costa

    Caro Rui, sou aderente do BE, esperando que tal não me tire o distanciamento com que vou tentando ler estas últimas semanas de factos, opiniões, etc…
    De forma sucinta, direi que me parece precipitada a sua decisão, mesmo que seja a tal gota …; os espirítos não andarão serenos, lúcidos, estarão mesmo crispados, susceptíveis, afinal houve choque, mas tal deveria levar a que todos, os mais ou menos comprometidos, se prevenissem quanto a excessos, acusações, cobranças acaloradas, mas afinal espuma, importa preservar o que é importante (recordo-lhe a sua crónica prévia às eleições).
    Procure em privado com FL sanar estes mal-entendidos e venham conjuntamente reafirmar essa esquerda livre, dialogante, que este país também merece.
    Abraços e continue com Miguel e Marisa

  • S D M

    Certamente ouvirá críticas e muitas. Gostaria que soubesse que tem e terá apoio e admiração de quem lhe reconhece a consistência política de quem defende ideais e aje de acordo com os mesmos. Valida também, na minha humilde opinião, o estatuto de independente – alguém que tem o apoio de um partido e não alguém que se cola indeterminada e incondicionalmente a “um projecto político”, seja lá de que cor for.

    Espero que continue o trabalho como até agora. Boa sorte.

  • Tiago Santos

    Sinto-me triste. As coisas não precisavam de ser assim e sinceramente, acho que, pelo menos por aquilo que é público, não tem razão (o que quer que tenha acontecido mais já não sei).

    Votei no BE nas últimas eleições europeias e lembro-me de alguns amigos o verem na TV, quando ainda não se tinha a certeza da sua eleição e dizerem: “mais um que vai à procura do tacho…”

    Ao longo destes últimos anos nunca me senti traído e tive a certeza que não é por “tachos” que se move.

    Mas quando de repente era precisa uma esquerda forte e capaz: parece que todos queremos alimentar turras, problemas, confusões, mal-entendidos. Sinto-me mal com isto. Eu, um simples jovem independente, de esquerda, sinto-me mal e estas confusões tiram-me a esperança toda que ainda havia. Vamos perder-nos a debater o nosso quintal, a falar das nossas desavenças enquanto a direita se une tão rapidamente no seu plano de desmantelamento do país. Vamos continuar todos, alegres e contentes a alimentar isto. E depois vamos dizer alto e bom som que foram os jornais e as tv’s que fizeram a tempestade quando fomos nós que nos pusemos a jeito.

    Desculpe o desabafo…

    TS

  • João Dias

    Caro Rui

    Lamentando desde já este percalço,
    que espero, não te mude o rumo,
    quero apenas deixar-te força,
    como aquela que impele o mundo,
    porque julgo que o retorno
    que darás quando o tiveres aprendido
    esse é aquele que terás
    de ser, quando o pensavas já sido.

  • Carlos Azevedo

    «A minha única decisão é esta: onde me derem liberdade, darei o meu melhor.»

    Agora, agiu em conformidade — e fez muito bem. Felicidades.

  • Dédé

    Vejam a coisa pelo lado patriótico, assim passa a haver um português nos Verdes Europeus.

  • Luís Miguel Duarte

    ‘Nasci’ e vou morrer de esquerda. Nunca votei no BE. Sempre acompanhei e admirei o seu percurso, as suas convicções e as suas dúvidas. E o modo honesto como se expõe – para mim, é essa a verdadeira coragem. As insinuações de Francisco Louçã foram cobardes; e a sua recusa em pedir desculpa diz bastante acerca do carácter de alguém que se fez fotografar em tamanho gigante ao lado da palavra Justiça. A mim, que tenho tido um percurso diferente, essa hipocrisia, vinda de quem sempre apregoou uma enorme superioridade moral sobre os outros, dá-me voltas à barriga. Pessoalmente saúdo a sua integridade. Eu, e muita gente que conheço, olhamos para pessoas como o Rui Tavares quando sonhamos com uma forma de fazer política, de defender ideais e valores de esquerda que se contraponha ao panorama sufocante que agora nos rodeia, em todos os quadrantes políticos. E que tem de começar na vida de cada um de nós, recusando de forma intransigente qualquer deslealdade e calúnia como as Francisco Louçã em relação a si, e que os restantes elementos da Direcção pelos vistos aprovaram, porque calaram e consentiram. Quando um partido político trata mal os seus, como acreditar que trataria bem os eleitores?
    Nunca esteve sozinho – e agora muito menos.
    Um abraço
    Luís Miguel Duarte (Porto)

  • Ana Rodrigues

    Caro Rui Tavares,

    Também eu pertenço orgulhosamente à esquerda independente, à esquerda que – como dizia há uns tempos – representa uma aliança dos “muitos”. Também eu prezo especialmente a liberdade de pensar, a liberdade de dizer, a liberdade de agir.

    Por isso, quando a sua candidatura ao PE apareceu, a lufada de ar fresco foi para mim tal que me trouxe de Bruxelas (onde vivia)a Portugal só para depositar em si o meu voto de confiança. O Miguel Portas já antes contara com o meu apoio – é certo. Mas consigo abriu-se a real possibilidade de um pensador livre e de esquerda, pelo facto de o ser, poder dar um contributo à democracia, sem prescindir da sua independência.
    Provou-me que eu tinha razão. No seu trabalho no LIBE, aclamado por todos os que vão seguindo estas matérias… Na votação da zona de exclusão aérea (apesar de a posição ser discutível, et pour cause)… Mas também no seu exercício de cidadania aqui e no Público, enquanto incansavelmente prestava contas a todos quantos acreditaram em si. E, finalmente, quando mostrou mais uma vez ao BE que não devia ser um partido como os outros – e é por o ser que os eleitores deram o sinal que deram a 5 de Junho. Eu esperava menos ortodoxia, menos sectarismo, menos intolerância à diferença. O BE não me deu nada disso. O Rui deu!

    Permita-me, por isso, que lhe deixe a minha solidariedade. Boa sorte para o novo trilho!

    (E desculpem a extensão do desabafo)

  • Sérgio Nunes

    A decisão do Rui Tavares é clara e perfeitamente compreensível.

    Espero apenas que a próxima decisão seja a efectiva associação ao BE como militante pois acredito que as mudanças de que o BE necessita devem partir do interior.

  • P Martins

    Caro Rui Tavares,
    Como simples eleitor do BE tenho pena da sua decisão, que penso não é boa para ninguém. O Bloco só terá futuro (entendendo por futuro crescer significativamente para além dos 4 ou 5% que deverá constituir o seu núcleo duro) se conseguir atrair e integrar independentes que tragam algo de novo e diferente à política, como foi o caso do Rui Tavares.
    Esta decisão é pois um mau sinal. Mas deixe-me que lhe diga que apesar de perceber o seu incómodo, não percebo a sua decisão e acho um pouco desproporcionada. É que o Bloco é mais do que Louçã, e decidir politicamente com base numa relação pessoal, parece-me pouco consentâneo com quem quer fazer politica. A não ser que existam outras divergências mais profundas com o BE, mas nesse caso seria mais transparente que fossem assumidas de uma forma clara.
    Percebo também a sua opção por ficar no PE, embora seja claramente discutível (a eleição por listas torna sempre discutível a legitimidade individual de cada eleito). E percebo melhor ainda a opção pelos Verdes pois em questões europeias sinto-me bem mais próximo dos Verdes que do grupo em que o Bloco está inserido.
    Apesar de lamentar a sua saída resta-me desejar-lhe um bom trabalho no PE. A Europa e os cidadãos bem precisam.

  • orlopesdesa

    Caro Rui,

    Eu não votei no BE nas ultimas eleições europeias, votei em si.
    Por isso não considero que tenha enganado os eleitores do BE, alias só se sentirá enganado quem não souber o que “independente” significa, ou o que deveria significar no quadro politico nacional.

  • Luís Marvão

    É com tristeza que vejo o rumo tomado pelo BE. Que é o de fechamento e, a prazo, o do definhamento. Pena, pois o BE foi um projecto de esquerda inovador, no espectro político nacional e mesmo europeu.
    E com espanto vejo emergir atitudes políticas que julgava bem enterradas no caixote do lixo da História: o sectarismo daqueles que tudo resumem ao Movimento (melhor dizendo, ao Partido), não importando as pessoas. A calúnia e a inveja (é deputado e para mais é mediático). Julgava que tal fosse coisa de outras paragens, mas não.
    Aqueles que acusam o Rui de oportunismo, entre outras coisas mais, preferem a “unidade” à crítica. Os artigos de imprensa do Rui são peças importantes para um debate sobre o futuro do BE e da esquerda. Infelizmente, esse repto foi ignorado e a intriga (consumada naquela triste nota de Louçã) prevaleceu.
    Os que advogam a renúncia do Rui Tavares ao lugar de deputado europeu passam por cima do trabalho (meritório) por este desenvolvido. E esquecem que o BE também colheu à época votos por causa do Rui Tavares.

    Luís Marvão

  • João Sequeira

    O pretexto para a sua saída parece-me ser apenas isso, um pretexto. Mas isso é consigo, evidentemente. No entanto, não foi em si que votei, foi no Bloco de Esquerda. Assim, e para ser coerente com o que diz, deveria pôr o seu lugar de eurodeputado à disposição. Se o fizer, convencer-me-á de que agiu efectivamente por convgicção. caso contrário, terei de concluir que não passa de mais um oportunista que não consegue largar o tacho. A bola fica do seu lado, aguardo o remate.
    Cumprimentos.

  • Maria

    Depois de ler oa comentários aqui postados, só tenho a dizer que de facto me sinto enganada. Mais uma vez.
    Todos nós ao votarmos, votamos num partido; votamos numa lista de nomes, é certo, mas o voto é sempre num partido.
    Se um qualquer deputado eleito deixa de estar de acordo com a linha do partido em cujas listas foi eleito, SAI!!!!
    Ninguém votou em si, tenha paciência!
    O seu lugar deveria passar para a pessoa que estava a seguir na lista.
    Assim, os resultados eleitorais deixam de estar de acordo com o número de eleitos em cada partido.
    Vamos supor que todos os deputados eleitos por um qualquer partido resolviam passa-se para outro lado??????????
    É esta a democracia em que os senhores se movem, mas não pode a Democracia em que acreditamos!

    MNL

  • José Almeida

    Mas porquê dar espaço aos leitores numa altura destas? É o Rui que tem que explicar-se, não são os seus eleitores. Deste lado tudo parece pouco. Mensagens trocadas pelo Facebook, histórias mal contadas, decisões velozes.

  • miguel Paula

    Que dizer de cohn-bendit?

    3 Declarações em menos de 6 horas e conseguiu só acertar na história à 3ª? Foi com certeza por engano que ele disse o que disse…

    Mas já agora Rui se pudesses agraciar com uma explicação quem há anos depositou em ti confiança e teve que andar a explicar aos amigos que tinhas votado na zona de exclusão aérea da Líbia porque eras ingénuozinho e inexperiente.

    Os meus argumentos caem pela base agora em face destas trafulhices…

    Foram 2 meses de negociações?

    Já tinhas ou não informado o Cohn-Bendit que ias para os verdes antes da nota do Louçã, antes sequer da noticia no i?

    Essa ostracisação crescente de que te queixas não será uma farsa inventada por ti? Ou achas-te que as criticas que fizeste ao partido eram para ser tomadas no silencio, sem direito de resposta para não ter tirarem “a liberdade para fazer o melhor que podes”

    Mas não, só nos pedes que acreditêmos que, as declarações do Bendit são concerteza resultado dos tentáculos da 4ªInternacional a actuar nas altas esferas do liberalismo selvagem da Europa.

    Podes não ter falsificado a história, tentado substituir o Rosas pelo Oliveira, podes ter julgado sinceramente que o Louçã se referia a ti naquela nota(é próprio dos egomaniacos acharem de si próprios que são reponsáveis por grandes feitos, tipo ser o sumo-redactor da história, ignorando a evidencia de que ela é efectivamente escrita muito mais pelos jornais do que por historiadores de esquerda(outra boa razão pra ires embora))podes só ter mesmo decidido ontem saír do Bloco e GUE. É até possível que os verdes tenham mesmo uma espécia de “gabinete-de-urgência” preparado para receber qqer deputado que decida saír do seu Grupo para ingressar noutro, sem precisar de discussão ou qualquer outro trâmite que demore mais de um dia.

    Pode ser ainda que as pessoas não tenham tanta simpatia assim por ti para serem capazes de aturar um xorriho de mentiras com que te revelaste finalmente o maior

    TRAFULHA…

  • JPAfonso

    O seu texto de à dois anos foi magnífico. Encarar uma possível experiência Europeia como um momento de aprendizagem ou declarar a sua ambição de mudar a mudança, são ambas ideias maravilhosas. Quando deixei de comprar o Público, tive pena de deixar de o ler. Hoje, relembrei porquê!

  • Paulo Neves

    Caro Rui,
    Sou um leitor assíduo das suas crónicas do Público desde antes da sua candidatura a deputado pelo BE. Muitas vezes dei comigo a pensar, a meio duma das suas crónicas, “é isso mesmo!” de tal forma você conseguia transmitir aquilo que eu pensava. Menos vezes, discordei de si e, noutras, achei que não estava muito inspirado, o que é natural. O importante é que me habitei a vê-lo como uma das vozes mais lúcidas e sensatas da área política com que me identifico, embora seja independente. O que me faz ficar perturbado com o que vejo acontecer.
    Sendo independente acho que você tem todo o direito a assumir as posições que assumiu. Mas não as entendo. Porque acho que não se deve misturar questões pessoais com opções político/partidárias. Se me perguntassem há 2 dias, diria que Rui Tavares, se escrevesse uma crónica sobre isso diria exactamente o mesmo. Por isso, não entendo como é que as suas questões com Francisco Louçã o levaram a cortar com o BE. Que eu saiba, por muito influente que FL seja, ele não é o BE! E, se não entendo isso, ainda menos entendo que se tenha sentido obrigado a mudar de grupo parlamentar. É que, se FL não é o BE, de certeza que o BE não é o grupo parlamentar em que o Rui estava até agora.

    Desejo-lhe boa sorte, e que isto não passe de um percalço. De que não precisamos mesmo nada neste momento.

  • Alexandre Vaz

    Esta história dos quatro fundadores parece uma piada daquelas com um Inglês, um Francês, um Espanhol e claro um Português. Há muitas diferentes mas nunca têm piada nenhuma…
    Não tive grande interesse em seguir a novela e devo confessar que me surpreendeu mais o Rui Tavares ter aceitado fazer parte das listas do BE (mesmo como independente) do que o ver agora a sair…
    O BE deve ser o partido em que apesar de tudo votei mais vezes, e sigo sempre com interesse os escritos do Rui Tavares, mas nos últimos anos o BE parece ter mergulhado numa espiral de dogmatismo em que dificilmente conseguia imaginar o Rui Tavares.
    Numa Europa que é cada vez mais um comboio de alta velocidade desgovernado em direcção a lugar nenhum, as alternativas (de esquerda ou de direita) perdem espaço de manobra e o pernicioso centrão perpetua-se no poder…
    No texto do Rui Tavares de há dois anos consigo vislumbrar ecos da Teoria Crítica de Horkheimer. Quase 80 anos depois, essa teoria parece mais do que utópica, parece romântica até, mas entre o pragmatismo Liberal e o romantismo, venha o romantismo.
    Na minha opinião o BE cresceu demasiado depressa e está-se a perder entre a proposta profundamente ideológica despida de compromissos com o sistema e uma força do aparelho. Qualquer uma das vias é possível, não se pode é ter uma perna em cada um dos lados…

  • Manuel Bouça Anastácio

    onde me derem liberdade, darei o meu melhor…

    Liberdade – foi-te dada. Só que não a deste a alguém que também teria a liberdade de te criticar. E nem sequer foi isso que aconteceu. Mas adiante.

    Darias o teu melhor a quem? A quem votou no BE (que eu votei no BE contigo e não em ti sem o BE) e te deu essa liberdade? Não deste o teu melhor. Não estás a dar o teu melhor. Estás a ocupar um lugar que, como o estás a ocupar, não é moralmente teu. Pode ser legalmente teu. Mas só legalmente.

    Louçã deve-te um pedido de desculpas? Nós que votámos em ti é que esperamos um pedido de desculpas.

  • pinote

    Sair com dignidade é colocar o lugar á disposição do BE.
    Se não for assim podemos pensar que, você ,já tinha ideias…

    Fazer a diferença é não fazer o que criticamos aos outros,mesmo em ou sobretudo em circunstãncias confortáveis…

    Os ratos são uma praga em qualquer partido,é a vida!

    Nunca votei BE,ESTOU À VONTADE!

  • graffiti.bridge

    pa sobre isto tudo, umas coisinhas que gostaria de dizer:

    1. O mais prejudicado desta situação toda é o BE – vê uma das melhores cabeças portuguesas de esquerda distanciar-se, alguém que poderia assumir um lugar de maior destaque no partido e que reúne uma enorme simpatia (se calhar reunia mais antes deste episódio) de grande parte das gentes que potencialmente votam BE. O Rui Tavares seria uma mais valia indiscutível no processo de renovação do Bloco, que irá acontecer mais cedo ou mais tarde. É uma pena. Apetece dizer ‘caramba, Rui, não desistas do Bloco, com todos os seus defeitos, é a única coisa que temos, e um partido não é o seu líder – mau sinal se for’.

    2. O Rui Tavares não sai bem da confusão – torna-se óbvio que já existia uma má relação com a direcção do partido e uma vontade prévia de ‘mudar para os Verdes’. Este episódio pode ter sido a gota de água, mas fica a ideia que foi também usado como desculpa para um desejado afastamento – acho o texto do Rui Tavares de reacção ao post do Louçã bem desproporcionado: Porque não dar o benefício da dúvida e assumir apenas uma falta de tacto no post do Louçã? Porque não apenas uma mensagem de esclarecimento? O Rui Tavares assume uma insinuação – mas será que ela lá estaria mesmo? O Louçã apenas refere que lhe tinha sido transmitido por um jornalista que a informação errónea acerca dos membros fundadores tinha partido do Rui Tavares. Enfim, não foi a coisa mais elegante do mundo, mas também não foi uma acusação/insinuação clara.

    3. O Francisco Louçã podia (devia) ter emitido algo parecido com um esclarecimento/pedido de desculpas. Não o fez, pondo o Rui Tavares numa situação em que teria que fazer algo como o que fez – exceptuando talvez a transição para os Verdes. O Louçã mostra um certo orgulho e relutância em assumir erros – mas também se calhar isto tudo foi desejado por ele. De qualquer maneira também não sai bem da coisa.

    abraços

  • RafaelC

    Algumas achegas:

    Vota-se num partido, mas é obvio que se vota implicitamente nos deputados propostos. Senão os partidos não teriam candidatos, mas sim uns tecnocratas anónimos que iriam ocupar os lugares eleitos, ao estilo sino soviético do antigamente.

    Acho piada os que lhe pedem para “deixar o tacho”, cheira mais a inveja que a puritanismo.Enquadra-se mais no vamos mas é lá por um amigo aparelhista, que isto de independentes pode dar outra vez para o torto…

    Os mais mais acintosos – Louça e Fazenda são identificados sempre com partidos que nunca descolaram à esquerda e sentem-se mal com independentes ou mesmo com quem de “origens” diferentes, tenha ajudado o partido a conquistar um eleitorado mais abrangente e culto.

    A imagem de “esquerda caviar”, a aura de enfant terrible, apelativo para um certo eleitorado mais urbano e rebelde já teve melhores dias face ao pragmatismo que o momento impõe

    No meu entender o Bloco não deve ir nem pela esquerda dogmática de alguns fundadores nem atrás do encanto “caviar” da esquerda culta.

    É preciso sangue novo e independentes para dar um novo alento ao partido.
    E já agora ideias novas válidas, para isso precisam todos de aprender com os erros – a desastrosa decisão de nem sequer terem ido dar uma espreitadela ao que a troika propunha foi um erro enorme que tirou credibilidade ao bloco como força politica.

    Concordo com o Rui, acho a sua decisão certa, o Miguel Portas é alguem com caracter e aparentemente pouco aparelhista, que reconhece e valida quem tem valor.

    Acrescento que nunca votei no Bloco e seguramente estou no campo do “inimigo”, mas, como disse alguém, mais vale um leal adversário do que um falso amigo.

    Na pequena quinta do Bloco há falsos amigos, zangas de comadres, muitas invejas e alguns ressabiados.

    É tempo de arejarem a casa.

    cumprimentos

    Rafael C

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