Para ficar apenas em território nacional, a cruel verdade é esta: ficaria muito mal informado sobre o que se estava a passar nos EUA quem lesse em exclusivo Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente, Alberto Gonçalves, João Miranda ou ouvisse (por exemplo) Nuno Rogeiro. Por outro lado, ficaria bem informado quem lesse o João Rodrigues, o Carlos Santos, o Pedro Magalhães, o Pedro Sales, o João Galamba ou a Palmira Silva (há outros, claro, só não ponho o João Pinto e Castro porque ele apostou um jantar comigo no resultado das eleições e perdeu).
Não precisam de acreditar em mim. Façam a experiência: em alguns casos ficarão a saber de factos e tendências que só semanas ou meses depois encontrarão na imprensa de referência estrangeira. Por outro lado, que apenas um destes nomes tenha pouso regular na imprensa nacional diz-nos muito sobre as razões da famosa crise dos jornais.
12 thoughts to “A cruel verdade”
“Por outro lado, que apenas um destes nomes tenha pouso regular na imprensa nacional diz-nos muito sobre as razões da famosa crise dos jornais”
Penso que a esse nome terás de adicionar o teu. Ficamos então com dois nomes.
«há outros, claro, só não ponho o João Pinto e Castro porque ele apostou um jantar comigo no resultado das eleições e perdeu»
Quem me dera que alguém tivesse apostado isso comigo. Os mercados de apostas andavam a estimar à volta de 80% para Obama, e ainda assim estava na dúvida se não valia a pena. Uma aposta 50%-50% era mesmo de aproveitar!
Sabe que gosto muito de si Rui e é por isso o título “a cruel verdade” me suscita a pergunta: porque não retoma o tema, que o trazia tão entusiasmado na própria noite das eleições americanas a propósito do referendo na Califórnia, do casamento gay? Faço votos de que seja porque percebeu que se trata de tema irrelevante e mesmo ridículo, mas não deixaria de ser interessante vê-lo falar sobre uma desilusão neste contexto em que, lamento dizê-lo, está tão ilusionado sobre as vurtualidades da sua “grelha de análise da realidade”.
Meu caro Rui Tavares, antes de mais muitissimo obrigrado por tudo esta possibilidade de contactar consigo. É sempre uma lufada de ar fresco quando leio os seus artigos no Público. Estou desde sempre empenhado nesta campanha, a minha constante decepção é na verdade quando leio os diaários e outros jornais como o Expresso como o senhor João Coutinho, esses outros fazedore de opiniões e posição incapaz de sair das suas casakas partidárias…
Estou muito grato por tudo o que nos têm deixado perceber através dos seus artigos. Continuação de um dia de muita LUZ e boas energias…
António Tavares
Bailarino Coreográfo
Cabo Verde
Cabo Verde! Caro António Tavares, manera bo’stá — tudo drêto? Não só agradeço os comentários como fico feliz por saber que alguém me escreve de Cabo Verde. Tenho amigos em São Filipe, Ilha do Fogo, aprendi crioulo por aí e na Cova da Moura e sou em geral um caboverdianófilo assim a caminhar para o fanático. Quando for grande — ou quando bebo uma a mais — quero ser cantor de mornas. Em que ilha mora?
Rui,
Estás a delirar.
RAF
Não estou não! Tu é que estás!
(viram como são interessantes as discussões com Rodrigo Adão da Fonseca?)
Pois é Rui, poderia ter dito que é um “nadita de nada” para o faccioso considerar que só as pessoas que estão no teu quadrante ideológico é que informam sobre o que se passa nos EUA. Podia ter dito, também, que a amostra que seleccionas, para dar a ideia que no teu quadrantes ideológico não há presença nos jornais, é ela própria, muito tendenciosa. Até poderia ter dito que quem te leu, também não ficou nada informado sobre o que se passou nos EUA.
Mas prefiro sintetizar e dizer: estás a delirar.
Antes isso do que entrar no never ending discussion com quem apresenta um nivel de parcialidade como o que se pode ler neste post.
E agora pergunto eu quem nivela tão por baixo?
Os directores de jornais e informação noutros meios ou o Zé povinho?
Se não me levar a mal, gostava mesmo de saber a sua opinião sobre o meu comentário. Evidente que o excluo deste nivelamento por baixo, aliás leio-o sempre que posso.
Abraço
Caro Nuno (muito rapidamente que estou com um prazo de entrega de texto em cima):
Não, não é o zé povinho que nivela por baixo. Nem sei se é apenas um caso de nivelamento por baixo — muitos daqueles comentadores têm qualidade e são pessoas inteligentes. Acho, no entanto, que se trata de um nivelamento ideológico. Por várias razões (tradição, poder, peso puro e simples) parte-se do princípio nas redacções e nas tvs de que a coisa mais convencional a fazer, aquela que envolve menos riscos, e que parece mais “responsável”, é encher as páginas de opinião com um sortido de comentadores conservadores, de direita ou tão centristas que nunca dão uma opinião fora da caixa. Há excepções. mas são raras. Para estes comentadores cria-se uma câmara de eco onde se confirmam uns aos outros e a preguiça faz o resto. Mesmo que a realidade refute sucessivamente a opinião convencional, nunca se corre grande risco, porque o mesmo aconteceu ao colega do lado e toda a gente se vai esforçar por esquecer o assunto rapidinho. Na blogosfera a coisa é bastante diferente, mais competitiva e selvagem, e mais impiedosa também.
Além deste aspecto geral, temos ainda o que está a suceder à direita em geral nos últimos anos, parte dela a perder o contacto com a realidade, e a parte que não deseja perder esse contacto a ser acusada de impureza ideológica… Mas atenção, isto pode acontecer (e tem acontecido) muitas vezes à esquerda também.
niceeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
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