Durão Barroso apresentou a sua ida para a presidência da Comissão Europeia como uma honra de Portugal — e até chegou a sugerir que isso compensava a posição que o seu governo teve durante a Guerra do Iraque. Convinha então, para não desonrar o nosso país, que nos desse o prazer patriótico de se ser o líder de que a Europa precisa. Mas Durão nunca o conseguiu ser e muito menos está a conseguir ser esse líder agora, quando a Europa está numa crise profunda.
Mas há mais: não só Durão Barroso é uma exportação de incompetência, como parece que perde o seu tempo em guerrinhas vingativas contra jornalistas. O jornalista Jean Quatremer, do Liberation, perdeu a paciência e descreve aqui como tem sido a sua relação com o gabinete de Durão Barroso nos últimos quatro anos. Em poucas palavras, Quatremer (um dos melhores jornalistas de temas europeus e autor de um dos blogues políticos mais lidos em língua francesa) escreveu um artigo que desagradou a Durão Barroso, e foi metido numa informal mas eficaz lista negra de jornalistas indesejáveis. Mas vale a pena ler a história completa. A mesquinhez de Durão não surpreende, mas envergonha que se tenha internacionalizado.
Um excerto:
«Ce boycott peut aller très loin. Le 8 février dernier, Barroso a donné une conférence de presse publique, où étaient présents une vingtaine de journalistes, pour féliciter la France d’avoir ratifié le traité de Lisbonne. La porte-parole adjointe, Leonor Ribeiro da Silva, une Portugaise qu’il a amenée avec lui de Lisbonne, est chargée de donner la parole. Je suis au premier rang et lève immédiatement la main. Systématiquement, elle m’ignore – je suis devant elle — et désigne des journalistes slovène, tchèque, polonais, britannique, etc., évidemment plus impliqués qu’un journaliste français. Il a fallu que je hurle : « est-il normal que l’on me refuse la parole ? » pour que Barroso, gêné, m’autorise enfin à poser ma question…