“Ora, isto de termos dos orçamentos culturais mais baixos da UE não é uma fatalidade de um Portugal pobre e periférico. Por comparação, temos felizmente na Saúde ou na Educação orçamentos em linha com a média europeia. Ter a cultura suborçamentada, e dentro dela o património, é triste. Mas é uma escolha. Uma escolha política, de sucessivos governos e parlamentos, com maiorias de direita e de esquerda. Uma escolha política que nem com a “geringonça” foi invertida — a Cultura nunca foi linha vermelha de nenhuma negociação orçamental entre PS, BE e PCP. Provavelmente por razões justificadas, que as prioridades são mais que muitas. Mas essas escolhas implicam depois responsabilidades no debate público.

Ou seja: enquanto não se financiar a cultura capazmente, a discussão sobre a mercantilização dos monumentos está a ser feita no vazio, e com não pouca hipocrisia, porque os diretores de monumentos estão a cumprir exatamente com o que os nossos políticos (de direita e agora de esquerda) lhes pediram: fazer muito com pouco. E enquanto as ordens de governos e parlamentos sucessivos forem essas, vêmo-nos compelidos a rezar para que um jantar em Santa Engrácia chegue um dia para iluminar e vigiar São Cucufate. Sendo certo que o escândalo que se daria se São Cucufate fosse deixado ao abandono ou vandalizado seria, como todos imaginamos, enorme. Porém, como todos sabemos também, não daria para encher as redes — ou sequer para uma notícia breve numa página interior de um jornal nacional.”

Leiam o texto completo no Público de hoje.

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