Belloi, Timor Leste. — A ilha de Ataúro, última porção de Timor Leste sob domínio português até poucos dias antes da invasão indonésia em 1975, tem os contornos de uma gota de água e talvez a área da ilha Graciosa, nos Açores. Vivem aqui cerca de nove mil pessoas, que falam tétum e uma outra língua local, nas montanhas, com vários dialectos.
Vivem aqui duas missionárias brasileiras protestantes, uma baptista que fala tétum com sotaque de Minas Gerais, a outra calvinista e oriunda da Paraíba. Faço a esta uma pergunta com rasteira: como decidiu vir para aqui? A missionária, que acredita na doutrina da predestinação, não se deixa enganar: não decidiu vir, diz-me, orou e Deus permitiu que ela viesse.
Uma mini-delegação da Assembleia da República de Portugal, chefiada por Jaime Gama, e acompanhada pelo Embaixador de Portugal em Díli, veio a Ataúro numa brevíssima visita. Eu fiz-me convidado para vir também. Eles tiveram a simpatia de me aceitar.
As águas límpidas em torno da ilha permitem ver os corais a poucos metros de profundidade. Do outro lado do canal, vê-se a ilha principal de Timor Leste, onde a variedade de paisagens é quase tão grande como a diversidade linguística. Montanhas rochosas; prados de aparência alpina com cavalos semi-selvagens; densas florestas equatoriais; arrozais em socalcos com búfalos pastando; manguezais com possíveis crocodilos; praias de areia branca com coqueiros. O potencial turístico é evidente; às vezes é até levemente assustador. Oxalá venham a beneficiar dele estas pessoas, cujos rostos foram outro motivo de interesse nos últimos dias: alguns parecem polinésicos, muitos assemelham-se a malaios ou indonésios, outros sugerem aborígenes da Austrália ou da Papua; alguns até poderiam ser chineses da Formosa, japoneses de Okinawa, portugueses de qualquer lugar.
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Quem esteve neste país em 1999 diz que já não se consegue imaginar o grau de destruição deixado pelas milícias e pelas tropas indonésias. Ainda se vão vendo alguns edifícios queimados dessa época, tal como se vê, claramente, que este é ainda um país muito pobre. A população vai crescendo a um ritmo acelerado; não demorará muitos anos até que atinja milhão e meio e não é impossível que chegue aos dois milhões.
Nesta parte do globo, quando as coisas começam a mudar não nos dão muito tempo para reagir. E as potências aqui no terreno, da Austrália à China, não estão propriamente a coçar a cabeça para decidir o que fazer. Entre os portugueses de cá, em funções oficiais ou privadas, sente-se alguma ansiedade por conseguir explicar Timor aos portugueses daí. Quando Timor Leste fizer parte da ASEAN, dizem-me, será uma base permanente numa das regiões mais dinâmicas do mundo. A partir daqui pode planear-se o trabalho sistemático de recolher migalha a migalha um tesouro diplomático que Portugal tem disperso por esta região, e que é constituído por vestígios históricos, ou por vezes comunidades vivas, de regiões luso-influenciadas ou onde vivem luso-descendentes. Acima de tudo, este pode ser um ponto de partida para conhecer bem uma região do mundo que hoje conhecemos mal, e transitar do fim do colonialismo para o início do cosmopolitismo.
[do Público]
One thought to “De Ataúro”
«……..mini-spam……..»
A Civilização do respeito do espaço dos outros… versus… a Civilização das corridas demográficas…
Todos Diferentes! Todos Iguais!
{TODOS os povos – quer os de maior, quer os de menor, rendimento demográfico – devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta}
—> Os Anti-racistas são intolerantes para com que é diferente: eles não aceitam que os povos nativos que, pacatamente, apenas procuram sobreviver no planeta, possuam o Direito de ter o SEU espaço no planeta.
—> Os ‘paladinos’ do anti-racismo são precisamente aqueles povos (africanos, asiáticos, etc) que estão numa corrida demográfica pelo controlo de novos territórios… eles pretendem possuir ‘carta branca’ para ocupar e dominar os territórios que muito bem entenderem…
Apoiantes da ideologia Anti-racista:
1- os ‘paladinos’ [são aqueles que estão numa corrida demográfica pelo controlo de novos territórios];
2- capitalistas selvagens (venham mais consumidores);
3- os negociatas-fáceis (são os seguidores daquela GRANDE TRADIÇÃO EUROPEIA: negociatas fáceis tipo -> exploração de escravos, roubo de territórios a povos indígenas, mão-de-obra servil imigrante ao preço da chuva);
4-Os seguidores da lavagem cerebral (propaganda) levada a efeito pelos 3 anteriores.
{Uma observação:Os anti-racistas são iguais àquelas personalidades históricas – de má memória – que também adoravam inventar teorias com um objectivo muito preciso: negar a outros… o Direito de evocar a legitimidade da sobrevivência da sua Identidade}
—> Para além da GRANDE TRADIÇÃO EUROPEIA (vulgo negociatas-fáceis), existe uma UMA GRANDE TRADIÇÃO UNIVERSAL: a existência de povos autóctones no SEU espaço.
—>>> Concluindo: antes que seja tarde demais, há que mobilizar, para o SEPARATISMO-50-50, aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para abraçar um projecto de Luta pela Sobrevivência…
P.S.
Kosovo… uma pergunta para os Sérvios (e não só): vocês não têm vergonha de ser tão parvos?
É óbvio que ao perderem o controlo demográfico [ficando à mercê de alienígenas (não nativos) já naturalizados – e com uma demografia imparável]… a ‘coisa’ iria ser (mais tarde ou mais cedo) desmantelada…
Uma obs: Um sítio aonde não se procede à renovação demográfica – leia-se uma SOCIEDADE SUSTENTÁVEL – não é um país…… é (está condenado a ser -> mais tarde ou mais cedo,) UMA ‘COISA’ PRESTES A SER DESMANTELADA.