Escrevo este texto a pensar por exemplo no Zé Neves que publicou no Vias de Facto um post acerca da minha desvinculação da delegação do Bloco de Esquerda do Parlamento Europeu e ida para o grupo dos Verdes Europeus após uma quebra de lealdade política e pessoal de Francisco Louçã.
O Zé Neves não concorda com parte da minha decisão, outros amigos não concordam com outras partes da minha decisão. Outros amigos concordam e apoiam-me em todo este processo e outros ainda não concordam em nada.
Quero através deste texto conversar com todos, como se estivesse na mesa de café, exatamente como o Zé Neves imagina, a responder às perguntas dele. Claro que esta é uma conversa em público e eu ainda sei, ao contrário de outros, a diferença entre um esclarecimento pessoal que se pede e um escrito em público com consequências políticas. Aqui vai.
Mas afinal porque é que saíste?
Durante um ano fui sendo objecto de uma ostracização discreta mas eficaz, por parte de alguns elementos da direcção do Bloco de Esquerda. Antes da campanha houve quem, no Bloco, procurasse aproximar posições mas não houve, da parte de Louçã, disponibilidade para qualquer conversa. Após as eleições a ostracização já não precisava de ser tão discreta, mas apenas implícita e sibilina, como na nota de Francisco Louçã que eu entendi como dando o sinal de que já não era preciso exercer contenção em relação a mim. Mas a situação já vinha de antes.
E não achas o teu pretexto muito pequeno?
Não o acho sequer um pretexto. Francisco Louçã, enquanto líder de um partido, tem obrigação de consultar um deputado do seu partido antes de lançar sobre ele suspeitas de desinformação, “falsificação” e de “refazer a história”. O facto em questão pode parecer ínfimo, mas é total: quebra do laço de lealdade política, institucional e pessoal. A partir daquele momento seria uma fantasia julgar que a minha independência não estava sob ameaça. E num deputado independente, a independência não é um detalhe nem um pretexto, é a razão de ser do mandato.
Então e porque não saíste do Parlamento?
Pessoalmente, seria mais fácil abandonar. Mas nesse caso seria também demasiado fácil a qualquer partido desfazer-se de um independente, não é? Bastaria dificultar-lhe a vida até que o independente não tivesse estômago para aguentar. No meu caso, eu sairia e poria o meu lugar à disposição daquele que foi desleal comigo. Chama-se a isso beneficiar o infrator.
E porque foste para os Verdes Europeus?
Nós fomos eleitos em 2009 com base num programa europeísta de esquerda. O GUE/NGL, grupo em que estava, tem menos europeístas de esquerda do que, por exemplo, comunistas ortodoxos; tem menos europeístas de esquerda do que eurocéticos; para cada federalista há dois ou três soberanistas. E, em última análise, tem menos europeístas de esquerda do que o grupo dos Verdes Europeus. Além disso – eu sei que não és muito dado a patriotismos – para Portugal é mais útil ter alguém no Grupo dos Verdes Europeus do que ficarem três delegações portuguesas no GUE/NGL (PCP, BE e eu).Aliás, o próprio BE, quando passou a ter representação no PE ponderou ir para um grupo ou outro. Não há nenhum anátema em estar nos Verdes europeus, pelo contrário: são o grupo que tem revelado maior convicção e consistência no actual momento europeu, unindo boas políticas na área da solidariedade, sustentabilidade e defesa das liberdades. Isso não significa que subscreva o que decidem os Verdes em cada país. Por exemplo quando, em regiões da Alemanha se coligam com a CDU. Do mesmo modo que a presença no GUE não impõe aos deputados do Bloco qualquer concordância com a Esquerda Unida que, na Estremadura, viabilizou um governo do PP.
Mas antes disto, aceitaste estar no GUE/NGL…
Fiquei no GUE/NGL porque estava na delegação do Bloco de Esquerda, embora com os bloqueios políticos neste grupo tenha ouvido suspirar muitas vezes — a mim e a outros deputados — “um dia acabamos por ir para os Verdes”. Na verdade, nenhum dos grupos é perfeito. No GUE/NGL, por exemplo, tive que ser o único a assinar a resolução contra a prisão de Ai Weiwei — os partidos pró-chineses dentro do grupo não queriam sequer que fosse discutida. Nos Verdes, discordarei de outras posições. O meu ideal, e tenho-o defendido, era que houvesse um grande grupo GREEN/LEFT, que seria o terceiro do Parlamento Europeu.
Mas já estavas a negociar com os Verdes há dois meses…
Não, não estava. Comuniquei aos Verdes Europeus que gostaria de juntar-me ao grupo deles no dia 20 de Junho, segunda-feira.
Mas não houve conversas?
Várias vezes me queixei do que se estava a passar com colegas dos Verdes e de outros grupos. Até com camaradas do Bloco, vê lá.
Mas Cohn-Bendit (Presidente dos Verdes Europeus) não disse que tinhas negociado com eles dois meses antes?
Não, não disse. Que fique para registo, o Cohn-Bendit fez uma enorme trapalhada com as suas declarações embora, justiça seja feita, as tenha corrigido. Ele disse que a minha situação já vinha de trás, que era expectável, daí o francês “ça se préparait”, o que não quer dizer de todo dizer “nós preparávamos”, muito menos “nós negociávamos”, como o jornalista decidiu incorretamente traduzir a coisa. Instado pelo jornalista chutou uma data, aliás absurda, de “dois, três meses”. Não é verdade. Ele foi descuidado e pouco rigoroso. Ao menos, corrigiu o que disse. Também devo dizer que uma anónima “fonte da direcção do Bloco” diz que eu avisei a direcção política da minha ida para os Verdes há duas semanas, o que é simplesmente falso.
E agora?
Agora, estou a começar do zero. Devolver o voto, para mim, significa devolvê-lo com trabalho e em diálogo com os cidadãos explicando a razão por trás de cada decisão. Como sempre fiz e estou a fazer agora. E sei que as convergências de que as esquerdas precisam também passam por em alguns momentos afirmar divergências. Valorizo a experiência destes 2 anos com o Miguel e a Marisa e com tantos aderentes e dirigentes do Bloco. Há menos de vinte de dias votei no Bloco, e apelei ao voto no Bloco, com convicção convenci gente a votar no Bloco. Apesar das divergências políticas nacionais e internacionais que, aliás, o coordenador nacional evitou discutir diretamente. O Bloco continua a ser uma esperança para a esquerda portuguesa, e espero que esteja à altura dessa esperança. Mas a esquerda portuguesa, o seu povo e a sua história, são maiores do que isto — e é a essa história e esse povo que eu pertenço desde o tutano.
32 thoughts to “A um amigo que discorda”
Não sou sua amiga, não é meu amigo, não nos conhecemos de parte alguma (ou melhor eu reconheço-o nas viagens Bxl-Lx), só o quero felicitar pela sua saída do BE e espero que continue no PE por muito tempo!
nos média só dá Bloco, não se ouve falar na grande derrota que sofreu o PARTIDO SOCIALISTA. Nisto rui tavares e Daniel oliveira bem tem contribuido. verdade seja dita.
O Ps agradece..
Rui,
“Estou consigo”. Só lamento que o Bloco tenha este desfecho (honestamente, parece-me que o é, ou, ao menos, será uma longa travessia no deserto).
Ana Luísa
Que idiota mais convencido!
Rui, aplaudo de pé a atitude. É a primeira vez que comento no teu blog (desculpa o tratamento, se incomodar avisa, é o meu normal “tu circunstancial blogosférico” com que trato todos na blogosfera – je suis fan du tutoiement), apesar de ter pensado em escrever-te no dia seguinte às eleições para o PE. Votei na altura convictamente no Bloco, não só mas em boa medida pela tua presença nas listas – sou um leitor ávido e assíduo da coluna da última página do Pública, cujas opiniões subscrevo quase sempre. Não sonhava sequer que o BE elegesse 3 eurodeputados, e exultei com a tua nomeação – por tão poucos votos, senti o meu voto mais útil que nunca.
Cada tua atitude no PE, principalmente a tua transparência e “prestação de contas” a quem te elegeu, bem como o didactismo do relato do que verdadeiramente é a actividade do PE dignifica-te a ti e ao próprio Parlamento.
Quanto a esta situação, entristece-me constatar que “estalou o verniz” bloquista e que a recente débacle eleitoral trouxe à tona os piores instintos trotskistas/maoistas que eu julgava ultrapassados no processo de formação do BE. Entristece-me sobretudo porque julgava ter encontrado o “meu” partido e, neste momento (já vem de antes das eleições de 5 de Junho), não me revejo nele minimamente.
A tua posição federalista é exactamente a minha. Julgo que o grupo europarlamentar dos Verdes tem mais a ver com esse federalismo, não havendo, claro, grupos ou partidos perfeitos.
Aproveito no entanto para dizer que os partidos a nível europeu em que mais me revejo são partidos Verdes, sobretudo o alemão. Tenho muita pena que não exista um partido assim em Portugal. Já agora, um desafio: que tal formá-lo?
http://adeuslenine.blogspot.com/2011/06/quero-o-meu-deputado-de-volta.html
rui tavares,
eu só voto no BE para as eleições europeias e, quando o fiz, o único candidato que conhecia era o miguel portas. votei num partido que apresentava uma equipa para defender um programa que eu acho (mais) justo. como eleitor do BE eu não lhe dou o direito de pegar num terço desses votos e mudar para os verdes europeus (grupo do qual, por acaso, me sinto cada vez mais proximo) ou para outro grupo qualquer. voçê não pode fazer isso, mesmo que isso esteja dentro da legalidade. voçê não quer dar esse trunfo ao louçã?? é essa a sua razão??
como cidadão, e já que estão sempre a dizer que a democracia não é só de 4 em 4 anos, vou fazer tudo o que esteja ao meu alcance para o impedir de fazer tal coisa. a democracia não pode funcionar em sentido único.
tenho estado à espera das suas explicações e esta auto-pseudo entrevista foi a gota d’água. demita-se imediatamente!
luis graça
Caro Rui.
Uma vez que tem sido ostracizado inclusive na comunicação social, gostava de expressar o meu apoio à sua posição e revelar que o meu voto no bloco nas europeias foi precisamente decidido pelo facto de integrar a lista como independente. Isto para que saiba que apesar de muitos “bloquistas” se auto proclamarem traídos, a sua atitude permitiu que muitos outros como eu se continuem a sentir representados. E bem representados!
Votos de bom trabalho neste novo contexto.
Gostava só de apresentar uma declaração de interesses em jeito de adenta ao meu comentário: não sou bloquista, filiado ou mesmo simpatizante aguerrido.
Muito francamente não consigo entender que um deputado eleito pelas listas de um Partido (qualquer que seja) se desvincule dessa organização mas se mantenha num Parlamento. Menos entendo que se mude para um outro, quando a sua eleição se deve, em grande parte, ao Partido que se apresentou às eleições e onde estava integrado.
“eu sairia e poria o meu lugar à disposição daquele que foi desleal comigo.” Não acha isto demasiado pessoal e individualista para um político deputado do Parlamento Europeu?
O Bloco CONTINUA a ser uma esperança para a Esquerda Portuguesa.
Quero só reter esta frase , de tudo o que escreveu.
Espero que seja coerente.
Cumprimentos
Augusto Ribeiro Pacheco
PS.Já esclareceu quem foi o jornalista do I que abusivamente utilizou o seu nome.
Caro Rui,
Embora a questão de continuares no PE seja difícil de defender, a postura de contínua vigilância ideológica de muitos sectores do BE afasta cada vez mais a base social de apoio. A incapacidade de gerar consensos e de formar alianças é muito triste e ao contrário do que muitos pensam, não é no radicalismo que as pessoas querem que o bloco se refugie dos maus resultados.
Infelizmente só posso apoiar a tua atitude e espero que leves o teu mandato até ao fim.
Rui, isso é tanga… isso é “paleio ao ritmo de pop chula”. Seres independente e saires da delegação do BLOCO é uma coisa, respeitável por mais que me desagrade. Usares o teu estatuto para te mudares de armas e bagagens para os Verdes, é TRAIÇÃO!
DEVOLVE O LUGAR AOS ELEITORES DO BLOCO e acerta as contas com quem tens que acertar contas. Não me roubes o voto!
Meu caro Rui Tavares: em primeiro lugar obrigado por ter aceite o meu pedido de amizade formulado depois de toda esta trapalhada em que está envolvido. Tomei essa iniciativa por querer, ou pelo menos tentar, compreender as suas razões. Em primeiro lugar deixe que lhe diga que o conheci através do acompanhar das primárias americanas, no jornal publico. Partilhava da sua esperança e o seu posicionamento, motivo pelo qual me agradou a sua presença na lista do BE nas europeias, mesmo sabendo que era independente, visto que através de pessoas como o rui o BE era fiel ao seu proposito de acrescentar esquerda à esquerda. E da mesma forma que fiquei satisfeito com a sua eleição, me desagrada o processo e as causas que invoca para ter abandonado o barco do bloco a meio e numa altura dificil…Penso que não esteve bem Rui e pensou mais em si do que no projecto colectivo que o Rui aceitou integrar. Já nem falo nas razões por si invocadas e personalizadas no FL, como se não existisse mais bloco para alêm do Louça… Pergunto eu, a pessoa mais importante no seu processo de inclusão nas listas do BE, não se chama Miguel Portas? e para além do louça e Miguel não existem outros militantes e simpatizantes do BE que mereciam outro respeito seu!!! desculpe mas era isto que lhe queria dizer. Vou continuar naturalmente a acompanhar os seus textos e desejar que eu estaja enganado no que hoje penso deste processo… abraço
Na sequência do ‘debate’ no Vias de Facto ao texto do Zé Neves, concordo inteiramente com a Vera.
O RT n vai deixar de ser quem é,nem de pugnar ‘pelos mesmos ideais'(independentemente de aprender e mudar de perspectivas,se assim o considerar,argumentadamente, e nós não termos de concordar com ele em tudo ),foi tb por ele q o BE teve mais votos e é aos eleitores que ele deve o direito e o dever do mandato [não ver isso, é n ver o capital de sonho e esperança, vivos e inte-ligentes (foi uma subida brutal,em todo o canto do país,q eu me deu ao trabalho de analisar os resultados impressos no Público)],do q considerámos (os eleitores) uma esquerda verdadeiramente contemporânea, de ‘verdades’ e questionamentos adequados à vida e aos cidadãos, que era,então, o BE e,aparentemente,n tem defraudado, tem trabalhado e intervido bastante (creio q aprendido,tb) em áreas sensíveis e tragicamente actualíssimas, não vai agora defender o diabo,nem virar vira-casacas e quem, assim e só isto e outras coisas horríveis vê,q tal um esforço para ‘retroprojectar’?
A ‘sensibilidade pessoal e política'(o q são e o q implicam?)é justa. O modo de a sentir e ‘resolver’, a ninguém cabe dizer ao outro (qq q seja) como o fazer.
Louçã e tuti quanti não saem nada bem d/nesta história. E é de uma gravidade extrema,aos níveis pessoal e político. Estava longe ainda (ignorância e ingenuidade minhas) de poder ver ‘isto’ acontecer, sobretudo no BE…
Estive indecisa (com vontade de votar em nenhum) até à última hora, nestas eleições (claro q,parafraseando a minha filha,nas penúltimas eleições e a propósito do PC,eu lá ia dizendo q sim,q não queria q o BE acabasse) e foi o artigo do RT,ao justificar o seu voto,q confirmou o meu indeciso voto.
P.S. Quis responder no Vias de Facto,mas n consegui entrar.
Rui, acho que este post clarifica muito sobre o que estava na base da tu decisão. E mais uma vez consideraria uma desconsideração pelos que te elegeram, se desistisses. abraço
«Caro Rui.
Uma vez que tem sido ostracizado inclusive na comunicação social, gostava de expressar o meu apoio à sua posição e revelar que o meu voto no bloco nas europeias foi precisamente decidido pelo facto de integrar a lista como independente. Isto para que saiba que apesar de muitos “bloquistas” se auto proclamarem traídos, a sua atitude permitiu que muitos outros como eu se continuem a sentir representados. E bem representados!
Votos de bom trabalho neste novo contexto.»
Subscrevo inteiramente estas palavras.
Votei no BE nas últimas europeias, e fi-lo com o objectivo de eleger o Rui Tavares.
Com um lugar «roubado» ao PP por escassas centenas de votos, é absolutamente claro que se o candidato fosse outro dificilmente o BE teria conseguido esse lugar.
Se o Rui Tavares abandonasse o seu lugar, teria traído eleitores como eu. Os que se sentem traído precisam de saber que existem eleitores assim, que se sentiriam traído caso Rui Tavares lhes tivesse feito a vontade.
Bom resto de mandato.
Aceito as explicações e desejo ao Rui que mantenha a coragem e a coerência.
Caro Rui,
Eu votei em si, por isso espero que me continue a representar no PE….
Caro Rui Tavares,
votei no Bloco sem quaisquer ilusões. Nenhuma escolha era satisfatória. Dificilmente voltará a acontecer.
A declaração pós eleições do Fernando Rosas foi bem clara: um paragrafo a dizer que era preciso repensar a estratégia do, seguido por outros cinco que dizizam precisamente o contrário. Louçã admitiu que foi uma erro não dialogar com o a troika e depois diz explica que só foi erro porque nós coitados não estamos à altura de entender as coisas. Aquele senhor imbecil da UDP não percebe que, comparado com o Daniel Oliveira é um pigmeu politico.
Escrevo para lhe dar uma abraço de solidariedade. Já sabia que sabe pensar, agora sei que também tem coragem.
Precisamos de um catalizador que dê um rumo a toda esta gente que quer acabar com esta cleptocracia em que vivemos. Veja lá se arranja maneira de ajudar a construi-lo. Eu depois também dou uma ajuda.
Rui,
Votei no Miguel e em si. Tem todo o meu apoio.
Que tristeza e que decepção com o que se passa no bloco. Comecei por votar PSR e votei bloco toda a minha vida. Quase desisti nestas ultimas eleições. Foram pessoas como o Miguel, o Rui e o josé Manuel Pureza que me fizeram votar bloco mais uma vez. Detesto estalinismo e ditaduras de qualquer tipo. Detesto o tipo de postura que o Louçã tem adoptado ultimamente. a continuar assim, fico sem ter em quem votar.
Comparar as coligações Verdes\CDU na Alemanha, com a decisão democrática – com auscultação das bases – de não viabilizar o poder do PSOE na Extremadura é, no mínimo, uma desonestidade intelectual…
Visto da minha óptica, o seu percurso nos últimos dois meses não tem sido o mais coerente…
É pena.
Não sou do Bloco de Esquerda, nem coisa que se pareça. Mas de uma coisa estou certa. Os votos de um deputado eleito por um partido, mesmo como independente, não são apenas seus (ainda que alguns o possam ser). São também (e sobretudo) do partido em que se integrou. Manda pois a seriedade política que, querendo sair, deixasse o lugar ao partido. De outro modo, ficamos a pensar, que quis o lugar e, naturalmente, o dinheiro que lhe corresponde. Duvida-se, aliás, que outro partido português o venha a adoptar. Para onde corre afinal, senhor Rui Tavares?
“Nós fomos eleitos em 2009 com base num programa europeísta de esquerda.” Afinal o Rui leu o programa pelo qual foi eleito. Se assim é, explique lá a este eleitor que lhe escreve, onde é que está a parte do programa que é concordante com o seu voto que permitiu o ataque da NATO à Líbia?
Explique lá também, como é que eu que votei naquele programa e na lista associada (da qual o Rui era o número 3, portanto suponho que houvesse por exemplo um número 4 que o pudesse substituir), tenho que aturar o meu voto do lado dos Verdes em que não votei?
Obrigado.
Rui desculpe, mas eu tenho estado a ler todos estes comentarios, e gostava de lhe dizer o seguinte 😮 Sr não sai da fotografia sem uns retoques,mesmo que, muito bem trabalhados em Photoshop…está,digamos, ligeiramente desfocada e, nada a fazer.
É que, sai de uns,muito “ofendido” para se “enfiar”, nos tais “verdes”, que o desbroncam… ui lindo!
O problema, é que aquilo, mais parece um Albergue Espanhol.
A verdade é esta: ninguêm, e muito menos o Sr. estava há espera, de ser eleito naquela noite.Aquilo ia lá com o Miguel mais a Senhorita e, pimba,aconteceu!
Mesmo para desgosto(aposto), do camarada Maoista das Lunetas.
Olhe aproveite,o barulho das luzes estão para aí viradas….
Curioso o conceito de democracia do Sr. Rui.
Não o ofendi, mas ele no fundo, não passa de um censor.Lamentavel.
Caro Rui Tavares,
a única vez que votei no BE foi para o eleger, a si, para o PE. E não só não me arrependi dessa decisão, como cada vez mais me convenço da verdadeira utilidade que um simples voto como o meu ainda pode ter. Continue a “pensar pela sua cabeça” que nunca desiludirá os que votaram em si pelas razões certas. E continuação do bom trabalho. Um abraço.
Caro,
Falas em ostracização do BE mas não concretizas de facto, escreves sobre a nota do Louçã mas omites o “I” e o tal jornalista, referes “bloqueios políticos” no GUE/NGL admitinto ao mesmo tempo discordar com muitas das posições dos Verdes.
Há muito que muitos esperavam uma resposta. Veio tarde, mas veio.
MAs lamento, porque aqui só vislumbro um certo “umbiguismo”.
Eu votei e fiz campanha pelo BE nas europeias. Não votei nem fiz campanha por ti, nem pelo Miguel, nem pela Marisa (que tem feito um trabalho exemplar), muito menos pelos verdes. Foi pelo projecto, que aliás subscreveste e agora traíste.
Sair é uma coisa. Usar os votos das pessoas que em ti confiaram, para que levasses avante o ideário com que o BE se apresentou, e depositá-los noutro partido é traição ou no mínimo prepotência.
O ódio ao Louçã que transpira das tuas palavras não pode justificar tudo.
Cps
Do ponto de vista legal, o Rui Tavares tem todo o direito de mudar de grupo político.
Do ponto de vista da legitimidade política, parece existir uma situação ambígua na qual uns consideram ter votado num partido (BE), outros
consideram ter votado numa pessoa (RT).
Desta ambiguidade, resultam pessoas que consideram a decisão do Rui
legítima e outras não.
Como é impossível resolver este dilema de forma objectiva, é mais razoável conceder o benefício da dúvida e deixar a responsabilidade desta decisão ao próprio Rui Tavares.
Acresce que a justificação que o Rui dá para mudar de grupo parlamentar parece-me razoável, e creio que é mais construtivo aceitá-la como legítima (embora discutível), e acima de tudo avaliar o seu trabalho enquanto deputado no Parlamento Europeu.
…E se o Rui Tavares de facto formar um novo partido, acaba no dia seguinte, tudo o que construiu, em anos. Tipo Fernando Nobre….
I wrote this words, because someone told me that Rui Tavares will criate a new Movement…We hope that will be only a non-sense!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!If not, will be his end. Anda many of us believe in Rui Tavares, really independent.
Augusto Küttner de Magalhães
A questão principal é que a esquerda política portuguesa se esgotou. Não tem mais potencial de renovação nem de crescimento. Há que repensar outras formas de modificação da sociedade, com um sentido novo, libertário e liberal, amante da natureza e desorovido de elitismos e dogmatismos. Esse caminho pode ser aquele traçado pelos Verdes, ou outros grupos anti-autoritários, como a Itália dos Valores …Sem liberdade,não democracia.
http://resistir.info/libia/britto_garcia_25jun11.html